Principia: An International Journal of Epistemology (May 2014)
Livre-arbítrio e a relação mente e cérebro em Benjamin Libet
Abstract
O meu objetivo é refletir criticamente sobre o modo como Benjamim Libet interpreta os experimentos por ele realizados, os quais têm como foco principal a questão do livre-arbítrio. Esses experimentos têm sido frequentemente considerados como uma prova científica contra o livre-arbítrio, na medida em que teriam mostrado que a intenção e a vontade conscientes resultam de processos cerebrais, os quais, por serem inconscientes e anteriores, não poderiam ser controlados por essa mesma vontade. Mas não é essa a posição de Libet, que distingue a intenção e a vontade consciente, postulando que apenas a primeira resulta de processos cerebrais anteriores e inconscientes, enquanto que a segunda é autônoma em relação ao cérebro, ao mesmo tempo em que pode agir causalmente sobre este. Desse modo, Libet prefere ignorar a sugestão inicial de seus experimentos, ou seja, a de que todo evento mental resulta ou é efeito de processos cerebrais específicos. Argumento que Libet a ignora por não ser capaz de entender a partir dela como os eventos mentais, sendo resultantes da atividade cerebral, poderiam agir causalmente sobre o cérebro.
Keywords