Revista Polis e Psique (Oct 2019)

A condição humana em perversão: uma leitura sobre A Parte Obscura de Nós Mesmos

  • Rodrigo Diaz de Vivar y Soler,
  • Caroline Socha,
  • Silvia Maria Carvalho

DOI
https://doi.org/10.22456/2238-152X.54278

Abstract

Read online

Uma leitura crítica sobre o conceito de perversão e o tratamento dado à questão pela religião, pela filosofia e pela política na sociedade ocidental. Eis o procedimento histórico empregado pela intelectual francesa Elisabeth Roudinesco no seu livro A Parte Obscura de Nós Mesmos: uma história dos perversos (ROUDINESCO, 2008). Enveredando-se pelas entranhas da história com ousadia, Roudinesco (2008) revisita as biografias de personagens emblemáticos como Gilles de Rais, Sade e Rudolf Höss para estabelecer uma desconstrução das noções habituais conferidas a perversão seja pela ciência, seja pela religião afastando-a de tal maneira do campo da moralidade – a eterna batalha entre bem e mal que infelizmente insiste em perpetuar-se sobre nossa civilização – para afirmar provocativamente que “os perversos são uma parte de nós mesmos, uma parte de nossa humanidade, pois exibem o que não cessamos de dissimular: nossa própria negatividade, a parte obscura de nós mesmos (ROUDINESCO, 2008, p.19).” Deste modo, o conceito de perversão passa a ser apurado por meio de uma crítica corrosiva que remetem aos domínios do sublime e do abjeto; como se os atos perversos ao mesmo tempo em que nos produzissem encantamento, exercessem um fascínio sobre nós, sem deixar de serem responsáveis por produzir inúmeras monstruosidade e anormalidade cometidas por alguns personagens infames e sedutores.