Jornal de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia (Nov 2024)
Uso de substâncias psicoativas em pacientes atendidos em Hospital Psiquiátrico do Sudoeste da Bahia
Abstract
Introdução: O uso e abuso de substâncias psicoativas tem se tornado um importante problema de saúde pública em todo o mundo. Está associado com comportamentos violentos, criminais e complicações médicas ou psiquiátricas, elevando drasticamente os índices de morbidade e mortalidade. Os efeitos psicoativos destas substâncias como a diminuição da ansiedade, euforia e outras sensações percebidas como prazerosas pelo usuário tendem a ser fortes reforçadores do uso, especialmente nos transtornos psiquiátricos devido às manifestações de sofrimento psicológico. Dessa forma, constituem fatores de vulnerabilidade para o seu uso abusivo. Objetivo: Avaliar a prevalência do uso de álcool e outras substâncias psicoativas em pacientes de um hospital psiquiátrico do Sudoeste da Bahia. Métodos: Estudo corte transversal, retrospectivo quantitativo, com amostra total de 400 prontuários de pacientes atendidos em Hospital Especializado em Vitória da Conquista-BA. O critério de inclusão foi ter pelo menos uma consulta nos últimos seis meses. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do IMS-CAT/UFBA, parecer 1.721.215. Resultados:Dentre os pacientes que possuíam relato em prontuário sobre o uso de substâncias psicoativas, 21,7% (31) eram tabagistas,19,1%(30) afirmaram ser etilistas, e 17,7%(20) relataram fazer uso de outras substâncias psicoativas como maconha, crack, cocaína, tinner e cola de sapateiro. Dos pacientes com diagnóstico de esquizofrenia, transtornos esquizóides e transtornos delirantes 17%(8) eram etilistas, 17%(6) usavam alguma substância psicoativa e 31,1%(14) eram tabagistas.Dentre aqueles com diagnóstico de transtornos do humor afetivo 15%(6) eram tabagistas, 18,7%(6) faziam uso de substância psicoativa e 22,9%(11) eram etilistas. Discussão: O uso de tabaco foi o mais prevalente, seguido de álcool e outras substâncias ilícitas. Foi observado um maior uso de tabaco entre os esquizofrênicos, porém inferior a outros estudos como de Oliveira e Furegato (2012), que apontam prevalências em torno de 50%. Do mesmo modo, o uso das substâncias psicoativas neste estudo foi menor comparado às prevalências de outros estudos apontando cerca de 23%.O etilismo foi mais prevalente naqueles com transtornos do humor afetivo, seguido por uso de outras substâncias psicoativas. Conclusão:As prevalências encontradas neste estudo foram menores que as descritas na literatura. Este fato pode estar relacionado à subnotificação em prontuário, pois apenas cerca de 30% dos prontuários possuem informações acerca do uso de substâncias psicoativas. Ressalta-se a necessidade de uma abordagem mais apurada destes pacientes sobre o aspecto de uso de substâncias psicoativas, tendo em vista conhecida maior vulnerabilidade a seu uso e abuso dentro da população portadoras de distúrbios mentais.