Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

LEVANTAMENTO DOS MOTIVOS E IMPACTOS DA RECUSA TRANSFUSIONAL EM PACIENTES COM REQUISIÇÃO DE HEMOCOMPONENTES EM DOIS HOSPITAIS PRIVADOS DE GRANDE PORTE DA ZONA OESTE DO RIO DE JANEIRO

  • KT Pires,
  • MECS Correia,
  • VA Brum,
  • KCCD Santos,
  • F Akil

Journal volume & issue
Vol. 46
pp. S826 – S827

Abstract

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Objetivo: Mapear fatores motivacionais de recusa á transfusão sanguínea em pacientes com critérios aceitáveis de indicação de transfusão de hemocomponentes, com a finalidade de orientação sobre possíveis mitos relacionados ao tratamento. Material e métodos: Foram analisados os termos de consentimento livre esclarecidos aplicados a pacientes com requisição de hemotransfusão em 2023. Foram excluídos do estudo pacientes que transfundiram em situações de urgência, em que a aplicação do TCLE não foi possível ao próprio ou responsável legal. Nessas situações os médicos prescritores se responsabilizaram pela indicação da transfusão e justificativa de urgência para o impedimento da aplicação do TCLE. Os hospitais avaliados tem perfil de alta complexidade, emergência porta aberta, realizam uma média de 600 cirurgias/mês (70%eletivas , 30% emergência), 37 leitos de CTI geral , 36 leitos de CTI pós operatório, 20 leitos de CTI cardiológico/hemodinâmica , 16 leitos CTI pediátrico, 18 leitos de serviço oncológico (tumores sólidos e hematológicos), realizam transplante de medula óssea e renal. Resultados: : No ano de 2023 foram atendidos um total de 4.681 pacientes, e realizadas 12.071 transfusões. Desse total de pacientes foram aplicados TCLE para 90%. Nesse período recebemos requisição para 20 pacientes, que se recusaram a recebe-las e assinalaram essa opção no TCLE. Todos os pacientes com recusa alegaram motivos religiosos. Desses pacientes 10 apresentavam Hb menor ou igual a 7g/dl, e 10 com valores hematimétricos maiores que 7g/dl. Dos 20 pacientes que se recusaram a receber as bolsas solicitadas 5 tinham diagnóstico de hemorragia digestiva alta, 15 com sepse e instabilidade hemodinâmica associada a quadro de base e anemia. Desses 20 pacientes, 18 tinham idade superior a 65 anos, e dois pacientes tinham 45 anos. Dois pacientes voltaram atras de suas decisões no decorrer da internação por piora clínica, e assinaram no TCLE autorizando a transfusão, recebendo duas bolsas de concentrado de hemácias cada um. Todos os pacientes receberam alta melhorados. Recebemos uma requisição de reserva cirúrgica, para paciente de 65 anos, para artrodese de coluna, sem anemia, que manifestou recusa na coleta de amostra para testes pré transfusionais, alegando também motivos religiosos. Esse caso foi levado ao Comite de ética do hospital, e após uma conversa cirurgião assistente com a paciente, ela concordou em fazer a reserva e transfundir em caso de risco iminente de vida, assinou o TCLE. A transfusão não foi necessária. Discussão: : No estudo realizado encontramos um numero muito baixo de recusa a solicitação médica de transfusão de hemocomponentes. Todas as recusas que encontramos foi por motivos religiosos. Nenhum paciente relatou como causa de recusa medo ou qualquer outra situação que pudesse com informação e orientação técnica especializada reverter a decisão. Conclusão: A autonomia do paciente na recusa de transfusão de sangue por motivos religiosos deve ser respeitada em casos de ausência de risco iminente de vida Os hospitais devem ter protocolos de orientação para equipe de saúde de como proceder de forma ética e legal em situações de recusa e risco iminente de vida. Cada vez mais considera-se uma boa pratica o paciente ser um ator ativo nos seus cuidados de saúde. Ter um olhar atento aos motivos de recusa é muito importante para difundir conhecimento aos pacientes que por ventura possam ter uma motivação errônea para a recusa transfusional.