Revista de Saúde Pública (Jun 2005)

Via de parto e risco para mortalidade neonatal em Goiânia no ano de 2000 Obstetric delivery and risk of neonatal mortality in Goiânia in 2000, Brazil

  • Margareth Rocha Peixoto Giglio,
  • Joel Alves Lamounier,
  • Otaliba Libânio de Morais Neto

DOI
https://doi.org/10.1590/S0034-89102005000300004
Journal volume & issue
Vol. 39, no. 3
pp. 350 – 357

Abstract

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OBJETIVO: Determinar os fatores responsáveis pela associação entre via de parto normal e maior mortalidade neonatal, em coorte de recém-nascidos. MÉTODOS: Estudo de coorte retrospectiva, constituído por meio do sistema de linkage a partir dos arquivos do Sistema de Informações de Nascimentos e do Sistema Informações de Mortalidade, onde foram incluídos todos os recém-nascidos de Goiânia, no ano de 2000. Foi realizada análise estratificada da via de parto e das categorias de hospital de nascimento por fatores de risco para a mortalidade neonatal, com cálculo do Risco Relativo, com nível de significância de 5%. As associações estatísticas foram analisadas utilizando o teste qui-quadrado com nível de significância de 5%. RESULTADOS: O parto normal foi mais realizado que o operatório em situações de maior risco para a morte neonatal. Os hospitais públicos, onde o parto normal foi mais freqüente, atenderam a população de maior risco para a morte neonatal. Os hospitais privados sem atendimento ao Sistema Único de Saúde realizaram a cesariana em 84,9% dos casos. Nesses serviços, o parto normal foi realizado principalmente em situações de risco para a morte neonatal como: prematuridade extrema e muito baixo peso ao nascer. CONCLUSÕES: A associação entre parto normal e maior ocorrência de óbito neonatal decorreu de viés de seleção devido à distribuição das gestantes na rede hospitalar e, ainda, da realização quase universal de cesarianas em gestações de baixo risco e do parto normal nas gestações de alto risco para a morte neonatal.OBJECTIVE: To determine factors associated to vaginal delivery and increased neonatal mortality in cohort studies of newborns. METHODS: A retrospective cohort study was carried out using linkage data from the Information System on Live Births and Mortality Data System database, which included all newborns in Goiânia for the year 2000. A stratified analysis of delivery routes and maternity hospitals by risk factors of neonatal mortality was conducted through the calculation of relative risk at a 5% significance level. Statistical analyses were carried out using the Chi-square test at a 5% significance level. RESULTS: Vaginal deliveries were more commonly seen than cesarean sections in situations where there was an increased risk of neonatal mortality. Public hospitals, where vaginal deliveries predominated, were sought by the majority of those pregnant women with an increased risk of neonatal mortality. Private hospitals, not affiliated to the public-funded Brazilian Healthcare System (SUS) and where the incidence of cesarean section was as high as 84.9%, opted for vaginal delivery in situations of greater risk, such as extreme prematurity and very-low-birth-weight infants. CONCLUSIONS: The association between vaginal delivery and increase neonatal mortality resulted from a selection bias due to the distribution of pregnant women in the hospital network. In addition, this selection bias also resulted from an almost universal preference for cesarean sections in low-risk pregnancies as opposed to vaginal delivery for pregnancies with an increased risk of neonatal mortality.

Keywords