Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

INCIDÊNCIA DE LEUCEMIA MIELOIDE: REFLEXOS DA PANDEMIA DE COVID-19

  • MCC Generali,
  • AT Dias,
  • SHN Messias,
  • JO Martins,
  • V Justi,
  • ML Muler,
  • A Kaliniczenko

Journal volume & issue
Vol. 46
pp. S543 – S544

Abstract

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Introdução: As leucemias são neoplasias hematológicas que atingem as células sanguíneas gerando a substituição de células normais por células cancerosas na medula óssea. A classificação se dá de acordo com a linhagem afetada, linfoide ou mieloide, e com a velocidade de proliferação das células cancerosas, sendo aguda ou crônica. A leucemia mieloide aguda atinge a linhagem mieloide, responsável pela origem dos leucócitos, onde há a disseminação de mieloblastos, uma célula imatura, na corrente sanguínea. A leucemia mieloide crônica, por sua vez, caracteriza-se pela translocação entre o cromossoma 9, onde localiza-se o gene ABL, e o cromossoma 22, onde localiza-se o gene BCR, simultaneamente, ocorre a quebra e rearranjo incorreto do cromossomo, formando o cromossomo Philadelphia. O BCR-ABL emite sinais para as células mieloides para que a divisão celular das células-tronco mieloides seja acelerada. Para a inibição da translocação desses genes é administrado o Mesilato de Imantinibe. O tratamento das leucemias é feito através de quimioterapia e transplante de células tronco. A rotina de diagnóstico e tratamento foi impactada pelo cenário pandêmico, visto a maior susceptibilidade de contrair e desenvolver os sintomas que o vírus oferece devido ao comprometimento de seu sistema imunológico. Os serviços de saúde sofreram uma drástica queda nos diagnósticos e tratamentos de doenças. No cenário pandêmico, o decaimento desses índices é algo preocupante, pois, pacientes, sabidamente oncológicos, deixaram de receber o devido tratamento e aqueles que possuem uma suspeita da doença, deixaram de receber o diagnóstico e o tratamento. A leucemia mieloide é ainda um desafio clínico importante, portanto, analisar o impacto negativo que a pandemia de COVID-19 trouxe para pacientes leucêmicos, tanto no diagnóstico de novos casos quanto para o prosseguimento do tratamento é de extrema relevância. Sendo necessário, para o momento, entender o impacto causado pela pandemia nesses indivíduos. Objetivo: Analisar e compreender a incidência de leucemia mieloide no sudeste brasileiro, entre pacientes de 30 a 69 anos, entre os anos de 2018 a 2022, analisando se a pandemia de COVID-19 impactou no registro de novos casos. Materiais e métodos: A coleta de dados de 2017 a 2023 foi realizada a partir do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Resultados: Notou-se variação dos números com tendência de queda na incidência conforme o passar dos anos, onde os anos antecedentes à pandemia (2018 e 2019) registraram taxas mais elevadas quando observados os anos seguintes (2020, 2021 e 2022). Em relação a idade, uma maior prevalência após os 60 anos foi registrada. Conclusão: A partir do ano de 2020, início da pandemia, houve uma queda no registro de casos de leucemia mieloide no Sudeste Brasileiro. A pandemia teve papel nessa diminuição em diversos aspectos, tanto na diminuição da população devido ao elevado índice de contaminação e óbitos, quanto pelo receio da ida ao centro médico para diagnóstico e, consequentemente, para tratamento. Além dos motivos citados, vale ressaltar o déficit sofrido em relação ao registro de novos casos de doenças devido à falta de estrutura para receber pacientes e assim registrar a incidência.