Revista Tecnologia (Dec 2012)
Vulnerabilidade de reservatórios superficiais às mudanças climáticas: o caso de rios com deflúvios anuais de alta variabilidade
Abstract
As mudanças climáticas globais e seus efeitos têm gerado grande preocupação por parte da comunidade científica, dos tomadores de decisão e da sociedade em geral, notadamente nas últimas décadas. Apesar de se poder prever, em escala global, as possíveis consequências das alterações climáticas (elevação dos níveis dos mares e mudança do padrão das precipitações, por exemplo), existe uma grande dificuldade em quantificar, em escala local, esses impactos. Regiões mais vulneráveis, como o semiárido brasileiro, têm se mostrado ainda mais fragilizadas quando submetidas às adversidades climáticas. Considerando a relevância de estudos que avaliam os impactos dessas prospectivas mudanças climáticas, o presente trabalho avalia a influência da mudança dos padrões da precipitação e da evaporação na vazão regularizada dos reservatórios. Avaliou-se a relação conjunta da evaporação e precipitação, através da lâmina líquida (EL), no balanço hídrico do reservatório, simulado a nível mensal, com retiradas acontecendo simultaneamente. O estudo concluiu que os rios que apresentam alta variabilidade (CV entre 1,2 e 1,6), característicos das regiões semiáridas, são mais sensíveis a qualquer mudança que venha a ocorrer na precipitação ou evaporação dessa região. Uma vez que a maioria dos rios do Nordeste Semiárido apresenta coeficientes de variação dos deflúvios anuais em torno de 1,2 a 1,6, e praticamente a disponibilidade hídrica da região depende de reservatórios superficiais, a gestão desses reservatórios deverá ser realizada de maneira criteriosa, uma vez que são bastante sensíveis a essas variações climáticas.