Brazilian Journal of Infectious Diseases (Jan 2022)

FATORES DE RISCO ASSOCIADOS A MORTALIDADE EM PACIENTES IDOSOS COM SEPSE / CHOQUE SÉPTICO DE RIO DE JANEIRO

  • Mayra Lopes Secundo Dias,
  • Julio Cesar Delgado Correal,
  • Camila Helena da Costa,
  • Rogerio Rufino,
  • Marcos Fernando Fornasari,
  • Cassia Alburquerque,
  • Maria de Lourdes Martins,
  • Paulo Viera Damasco

DOI
https://doi.org/10.1016/j.bjid.2021.102241
Journal volume & issue
Vol. 26
p. 102241

Abstract

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Introdução/Objetivo: Pacientes idosos (+65 anos) são admitidos em hospitais com sepse / choque séptico, e a taxa de mortalidade nesses casos é alta. Poucos estudos analisaram detalhadamente os fatores de risco associados a mortalidade por sepse dessa população no Brasil. Métodos: Foram seleccionados pacientes com sepse/choque séptico atendidos em um hospital privado terciário de Rio de Janeiro desde outubro de 2017 a outubro de 2019. Além de analisar as suas causas de morte, os seguintes fatores foram comparados com os casos que apresentaram melhora clínica/cura: comorbidades, exame físico da admissão, parâmetros laboratoriais, escores de gravidade na admissão hospitalar, fonte de infecção, adesão aos protocolos da sepse institucional, e tempo de internação hospitalar. Foi realizada uma análise multivariada na identificação dos fatores de risco associados a mortalidade. Resultados: No total foram analisados 346 pacientes sépticos e observada uma mortalidade alta nessa população (n = 138;39.8%). As comorbidades mais prevalentes foram hipertensão (65%), diabetes (27,5%), doença pulmonar obstrutiva crônica (11,3%), e hipotireoidismo (13,1%). As principais fontes de infecção foram pulmão (47,4%) e trato urinário (32,8%). Muitos pacientes foram admitidos em choque séptico (19,9%). Os escores da avaliação de insuficiência orgânica sequencial na admissão (SOFA) e de SOFA rápido (Quick-SOFA) foram 4,7 e 2,01, respectivamente. A adesão aos protocolos de sepse institucional foi de 83,3% e 73,1% nos pacotes de 3 horas e 6 horas, respectivamente. A mortalidade antes das primeiras 48 horas foi baixa (7,8%). Na análise multivariada por idade maior de 65 anos houve associação independente da mortalidade com a idade avançada (OR: 1.02;IC95%:1.009-1.04; p = 0.003), necessidade de hemodiálise (OR: 3.92; IC 95%: 0.93-16.4; p = 0.061), presença de choque séptico na admissão (OR:3.58; IC 95%:1.85-6.92; p < 0.05), escore elevado de SOFA (OR: 1.22;IC95%:1.12-1.33; p < 0.05). A ressuscitação volêmica inicial adequada com solução fisiológica 0.9% 30 ml/kg foi um fator protetor contra a mortalidade nesta população (OR: 0.35; IC 95%: 0.21-0.6; p < 0.05). Conclusão: Em pacientes idosos com sepse/choque séptico, a idade avançada, presença de choque séptico na admissão hospitalar, insuficiência renal aguda requerendo hemodiálise, escore SOFA elevado e falta de reanimação volêmica adequada foram fatores de risco associados à mortalidade intra-hospitalar.