Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2021)
PERFIL TRANSFUSIONAL DOS PACIENTES SUBMETIDOS A TRANSPLANTE HEPÁTICO EM 2020
Abstract
O transplante hepatico consolidou-se como uma alternativa no tratamento de pacientes com doenca hepatica terminal. O manejo hematológico relacionado a terapia transfusional é um dos problemas nesses doentes. Estudos recentes mostram efeitos indesejados associados ao excesso de transfusão na morbimortalidade de pacientes submetidos a transplantes de fígado. Existe um Protocolo de Reserva no Hospital desenvolvido junto da equipe de GSH baseado na classificação de MELD (score utilizado para desde 2002 para estratificar os pacientes de acordo com a gravidade da doença hepática usando critérios laboratoriais). Material e método: Em nosso serviço existe um Protocolo de Reserva Cirúrgica para Transplante Hepático bem estabelecido. Os pacientes a serem submetidos a Transplante entram numa fila de espera . A partir do momento em que existe um “fígado” somos sinalizados sobre o paciente que será submetido ao transplante. Dados como grupo sanguíneo, sexo, Escala de Meld, idade são fornecidos. A reserva de sangue feita pela equipe médica é baseada na escala de Meld. Quanto maior o Meld maior a taxa de mortalidade. Adotamos como modelo de reserva desde janeiro de 2020: MELD menor que 25, solicitamos 10 crioprecipitados, 8 plaquetas, 4 hemácias e 4 plasmas. MELD maior que 25 solicitamos 20 criprecipitados, 10 plaquetas, 6 hemácias e 6 plasma. O nosso objetivo foi analisar o perfil dos pacientes atendidos pelo GSH em 2020 quanto a idade, grupo sanguíneo, MELD, além de uma análise dos Hemocomponentes (Hemácias) solicitadas e as Hemácias utilizadas no Centro cirúrgico ou dentro das primeiras 72 horas. Foi feita uma análise retrospectiva dos dados dos pacientes submetidos ao Transplante Hepático. Resultados: No período analisado (janeiro a dezembro de 2020) foram realizados 103 transplantes. Desses 72 homens (70%) e 31 mulheres (30%). Seis pacientes precisaram de mais de um transplante. Dois necessitaram de 3 transplantes. Analisando o Score de gravidade (escala de MELD), 90 pacientes eram MELD 25. Distribuindo os pacientes pelo Grupo sanguíneo relacionado a Gravidade obtivemos na análise: 30 pacientes eram do Grupo A (sendo 3 MELD maior 25 – 10%); 4 pacientes eram AB (nenhum MELD maior 25); 8 pacientes eram B (nenhum MELD maior 25); 61 pacientes eram O (sendo 10 MELD maior 25 – 16%). Em relação a distribuição por faixa etária 6 pacientes tinham de 21–30 anos (6%); 7 pacientes tinham 31–40 anos (7%); 15 pacientes tinham 41–50 anos (14,5%); 34 pacientes tinham de 51–60 anos (33%); 33 pacientes tinham de 61–70 anos (32%) e 8 pacientes tinham de 71–80 anos (7,5%). Foram solicitados 617 Concentrados de Hemácias para reserva, sendo utilizados 207 Hemácias (38% das hemácias solicitadas). Sendo que 99 utilizadas no Centro Cirúrgico (48%) e 108 utilizadas nas primeiras 72 horas após a cirurgia (52%). Conclusão: Diante da escassez de estudos nacionais para esclarecer as questoes citadas, este estudo teve como objetivo avaliar as demandas transfusionais e o perfil de pacientes submetidos a transplante hepático, visando evitar reservas de sangue de forma exagerada assim como transfusões. No estudo analisado houve um predomínio do sexo masculino, relação do grupo O com maior gravidade da doença hepática. Além disso teve um índice de utilização das Hemácias reservadas de 38%, sugerindo uma revisão do Protocolo para possível redução da reserva. A utilização de hemácias, quando necessário, foi alta no Centro Cirúrgico demonstrando a necessidade de se ter um estoque adequado para atender a demanda das transfusões em pacientes submetidos a Transplante Hepático e um fluxo adequado do Hospital com a Agência Transfusional .