Letras de Hoje (Jan 2004)
Contrato de comunicação, estratégias enunciativas e organização do discurso
Abstract
A Semiolingüística constrói seu modelo de competência de linguagem, partindo do postulado da subjetividade na linguagem, mas ao adotar uma perspectiva comunicativa de análise de discurso, investe na noção de contrato de comunicação, condição para que os parceiros de um ato de linguagem se compreendam minimamente e possam interagir. Para Charaudeau, Benveniste não define se o locutor é um ser psicológico e social ou um puro ser da linguagem. Por isso, o lingüista postula um modelo de comunicação com dois espaços, um externo e outro interno, enfocando, assim, o ato de comunicação como um fenômeno que combina o fazer (instância situacional) e o dizer (instância discursiva). Considerando os circuitos interno e externo da linguagem, o lingüista postula a existência de quatro tipos de sujeitos, os chamados parceiros e os protagonistas. Esses últimos assumem diferentes faces de acordo com os papéis que lhes são atribuídos pelos parceiros do ato de linguagem em função da relação contratual. Charaudeau liga a noção de contrato à hipótese de intersubjetividade proposta por Benveniste e ao postulado da polaridade das pessoas. Charaudeau organiza um modelo de competência de linguagem, com três tipos de competência para o sujeito em três níveis: o situcional, o discursivo e o semiolingüístico. Na elaboração da ordem enunciativa do modelo, o lingüista remete à noção conceitual de Pessoa, citando diretamente Benveniste. Na Semiolingüística, a noção de contrato é fundamental, remetendo a uma teoria dos gêneros, pois, para Charaudeau, o conjunto de coerções trazidas pelo contrato é o que define um gênero de discurso