Revista da Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia (Oct 2018)

Tendências do carcinoma espinocelular cutâneo no Hospital de Gaia (2004-20013)

  • Manuel António Costa Campos,
  • António Fernandes Massa,
  • Paulo Varela,
  • Ana Moreira,
  • Agostinho Sanches,
  • Helena Pópulo,
  • Paula Soares,
  • Armando Baptista

DOI
https://doi.org/10.29021/spdv.76.3.919
Journal volume & issue
Vol. 76, no. 3

Abstract

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Introdução: O carcinoma espinocelular cutâneo é o segundo cancro cutâneo mais comum e a sua incidência tem crescido. O objetivo do nosso estudo foi realizar uma análise descritiva e analítica dos carcinoma espinocelular cutâneo excisados no Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia e Espinho (CHVNGE) num período de 10 anos e estabelecer tendências (incidência, sobrevida e mortalidade). Materiais e Métodos: A informação foi retrospetivamente recolhida nos Registos Oncológico e Histológico do CHVNGE entre o período de Janeiro de 2004 e Dezembro de 2013. O objetivo do nosso estudo foi descrever as características e tendências (incidência, associação a queratoses actínicas e carcinomas basocelulares, sobrevida e mortalidade) do carcinoma espinocelular cutâneo. Resultados: Foram removidas 485 lesões em 380 pacientes (56,1% homens e 43,9% mulheres). 361 pacientes apresentavam doença invasora e 124 doença in situ. O serviço de Dermatologia removeu a maioria das lesões (70,4%), seguido pelo serviço de Cirurgia Plástica (16,4%) e Cirurgia Geral (4,7%). A faixa etária ≥ 75 anos foi a mais atingida por carcinoma espinocelular cutâneo em ambos os sexos (p < 0,001). A média de idades dos pacientes com carcinoma espinocelular cutâneo invasor foi de 76,7anos (± 11,5), sendo mais elevada no sexo feminino (79,0 vs 74,0 anos, p < 0,001). A face foi a localização topográfica mais comum (42,1%) nos dois sexos (p = 0,002). Houve um aumento da taxa de incidência ajustada à idade em ambos os sexos, particularmente no último período do estudo (16,2/100 000 pessoas). A sobrevida aos 5 anos foi de 98,7%. A idade média do carcinoma espinocelular cutâneo in situ foi inferior à da doença invasora (75,5 anos ± 11,3). Dos doentes com carcinoma espinocelular cutâneo in situ, 20,6% tinham antecedentes de carcinoma basocelular e as mulheres apresentaram mais queratoses actínicas (p = 0,040). A face foi o local mais comum (30,8%). A taxa de incidência de carcinoma espinocelular cutâneo in situ aumentou, sendo maior nas mulheres e na faixa etária ≥75 anos. Conclusão: Este estudo demonstra um rápido aumento da incidência do carcinoma espinocelular cutâneo numa população portuguesa envelhecida e realça a necessidade de melhorar os registos oncológicos em Portugal.

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