INCLUSÕES CITOPLASMÁTICAS AUER-LIKE EM PLASMÓCITOS: UM RARO ACHADO MORFOLÓGICO NO MIELOMA MÚLTIPLO

Abstract

Introdução: Inclusões semelhantes a bastonetes de Auer em células plasmáticas é um achado morfológico raro. Essas inclusões são formadas por depósitos de enzimas lisossomais cristalizadas, no entanto, sua exata natureza permanece desconhecida. É particularmente observado em mieloma múltiplo com paraproteína do tipo kappa. Objetivos: Este trabalho tem por objetivo relatar um caso raro de inclusões citoplasmáticas em plasmócitos, mimetizando bastonetes de Auer, em um paciente com Mieloma Múltiplo. Relato de caso: Homem de 74 anos com quadro de fraqueza e dores ósseas há cerca de 5 meses. Laboratorialmente apresentava: Glóbulos vermelhos 2,9 milhões/mm3, Hemoglobina 9,2 g/dL, Hematócrito 27,3%, Volume Corpuscular Médio (VCM) 94,1fL, Leucócitos 4800/mm3 (neutrófilos 2170/mm3), Plaquetas 93000/mm3, Uréia 56 mg/dl, creatinina 1,4mg/dl, cálcio ionizado 1,14 mmol/L, β2 microglobulina 5,4 mg/L, eletroforese de proteína com pico monoclonal beta com 5,4 g de proteína M, imunofixação IgA 7,0 mg/dL, IgM 6,0 mg/dL, IGG 4.530 mg/dL Kappa. Lesões líticas não foram observadas. O exame da medula óssea mostrou 74% de células plasmáticas pleomórficas com inclusões citoplasmáticas azurófilas em forma de agulha, semelhantes a bastonetes de Auer, com presença de formas semelhantes a células de Faggot. Discussão: Os bastonetes de Auer são geralmente vistos nas leucemias mielóides agudas. São compostos lisossomais fundidos e contêm peroxidase, enzimas lisossomais e grandes inclusões cristalinas. Por outro lado, plasmócitos no mieloma múltiplo podem conter inclusões de imunoglobulinas intranucleares e intracitoplasmáticas (corpúsculos de Dutcher e Russell, respectivamente). Além destes corpúsculos, existem relatos na literatura de cristais em forma de agulha, semelhantes a bastonetes de Auer, nos plasmócitos. Estas são raramente relatadas e estão sempre associadas à cadeia leve kappa. Morfologicamente, eles se assemelham aos bastonetes de Auer das células mielóides; no entanto, eles são compostos de enzimas de células plasmáticas, como fosfatase ácida, α-N-esterase ou β-glucuronidase, em vez de mieloperoxidase ou cloroacetato esterase de células mielóides. Conclusão: A presença de inclusões Auer-like em plasmócitos é uma característica incomum no MM e pode ser um confundidor morfológico. O cohecimento desta alteração é importante para evitar retardos diagnósticos. Devido à raridade deste achado, o real prognóstico de MM com a presença de inclusões semelhantes a bastonetes de Auer ainda não é claro.