Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)

INCIDÊNCIA DE INFECÇÕES POR CLOSTRIDIOIDES DIFFICILE EM PACIENTES INTERNADOS EM UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA PRÉ E DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19

  • Renata Pires de Arruda Faggion,
  • Mariana do Prado Cavenaghi,
  • Jenifer Ogushi,
  • Luana Andressa de Lima Serafim,
  • Marsileni Pelisson,
  • Joseani Coelho Pascual,
  • Renata Aparecida Belei,
  • Cláudia Maria Dantas de Maio Carrilho,
  • Jaqueline Dario Capobiango,
  • Vitor Hugo Perugini,
  • Pedro Luiz Belei Garcia,
  • Cibelly da Silva Bono Rocha

Journal volume & issue
Vol. 27
p. 102927

Abstract

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Introdução/Objetivo: Clostridioides difficile é um bacilo gram-positivo formador de esporos e produtor de toxinas causadoras da colite pseudomembranosa, acarretando um quadro diarreico grave. Os fatores de risco para infecção por este patógeno são idade avançada, hospitalização e, principalmente, exposição prévia a antibióticos, sendo as cefalosporinas de segunda e terceira geração, quinolonas e clindamicina os antibióticos mais frequentemente relacionados. Na pandemia de COVID-19, o uso de antimicrobianos nos serviços de saúde aumentou substancialmente devido às internações prolongadas e consequentes infecções relacionadas à assistência à saúde. O objetivo deste trabalho foi avaliar o impacto da pandemia na incidência das infecções por C. difficile em unidades de terapia intensiva (UTI) de um Hospital Universitário, que foi referência para COVID-19. Métodos: estudo longitudinal retrospectivo, realizado nas UTIs de adultos e que avaliou a densidade de incidência de infecção por C. difficile, entre os períodos de junho de 2018 a dezembro de 2019 (pré-pandemia) e junho de 2020 a dezembro de 2021 (pandemia). Os dados foram fornecidos pelo laboratório de microbiologia e setor de estatística. O diagnóstico foi realizado por meio da detecção de Toxinas A e B de C. difficile, pelo método de quimioluminescência, em amostras de fezes. O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa. Resultados: no período pré-pandemia foram realizados 108 testes, com 5 (4,6%) positivos, com densidade de incidência de 156,5 testes por 1.000 pacientes-dia. No período de pandemia foram realizados 607 testes, sendo 42 (6,9%) positivos e densidade de incidência de 288,3 testes por 1.000 pacientes-dia. Embora o número de pacientes internados nas UTI's tenha triplicado na pandemia, a densidade de incidência de solicitações de toxinas A e B para C. difficile aumentou em quase duas vezes no período de pandemia, reflexo do uso aumentado de antimicrobianos, que ocorreu no período pandêmico nesse hospital. Conclusão: este estudo evidenciou o impacto da pandemia no aumento de infecções por C. difficile e a necessidade de políticas para o uso racional de antimicrobianos como medida preventiva para colite pseudomembranosa.

Keywords