Revista Desenvolvimento Social (Oct 2022)
Utopia e heterotopia: Análise da normatização e das resistências dos corpos e espaços
Abstract
O artigo tem como objetivo debater sobre o corpo enquanto um espaço heterotópico, tomando por base a noção definida por Foucault, O Corpo, as heterotopias. Nesse sentido, propomos compreender como os corpos dissidentes da cisnormatividade podem ser entendidos como um espaço heterotópico na medida em que se mostram como um instrumento de resistência às formas de normalização e normatização de si mesmos e do espaço físico. O significado de corpo em nossa análise aponta para um espaço de luta, de disputa de sentidos entre os sujeitos e de embate de diferentes relações de poder que atravessam os indivíduos e suas vivências. Propomos pensar as pessoas trans a partir da ideia do corpo como uma heterotopia, tanto pelo seu caráter de resistência aos processos de normatizações, como pelo processo de apropriação que essas pessoas fazem da sua identidade, constituindo-se como sujeitos dos seus desejos e subjetividades. Os corpos dissidentes são considerados como um espaço heterotópico na medida em que estão gravados na constituição do mesmo uma série de processos de significações e construções socioculturais, mas ao mesmo tempo esse corpo, enquanto espaço heterotópico, resiste e subverte o processo, as imposições binárias e o discurso cisnormativo, criando em si mesmos um espaço heterotópico.
Keywords