Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)
PREVALÊNCIA DE SOROLOGIAS POSITIVAS ENTRE OS DOADORES DE SANGUE NA FUNDAÇÃO HEMOCENTRO DE BRASÍLIA NO PERÍODO DE 2017‒2022
Abstract
Introdução: A Portaria de Consolidação nº 5 de 2017 do Ministério da Saúde traz a obrigatoriedade da realização de exames laboratoriais de alta sensibilidade, a cada doação, para detecção de marcadores para as seguintes infecções transmissíveis pelo sangue: Doença de Chagas, Sífilis, Hepatite B, Hepatite C, AIDS e HTLV-I/II. Os resultados obtidos frequentemente são compilados e utilizados como indicadores para avaliar e monitorar a eficácia das estratégias de triagem clínica, o comportamento dos doadores de sangue em determinado período de tempo e a triagem laboratorial, além de serem evidências que impulsionam e embasam a tomada de decisões que visem à qualidade do sangue e a segurança transfusional. Objetivo: Analisar a prevalência de sorologias positivas nos períodos pré-pandêmico (2017‒2019) e pandêmico (2020‒2022) do SARS-CoV-2 em amostras de doadores de sangue da Fundação Hemocentro de Brasília (FHB), Distrito Federal. Material e métodos: Trata-se de uma pesquisa descritiva com abordagem quantitativa. Os dados foram extraídos do sistema informatizado SistHemo da FHB. As variáveis analisadas foram o número de doações nos períodos determinados e os resultados reagentes (S/CO ≥1,00) para os marcadores HBc, HCV, HIV 1/2, HTLV I/II, HBsAg, Sífilis e Chagas pela metodologia de quimiluminescência. Resultados e discussão: No período pré-pandêmico, foram efetuadas 156.704 doações (51.869, 51.779 e 53.056 nos anos de 2017, 2018 e 2019, respectivamente). O índice de inaptidão sorológica foi de 1,90% em 2017, 1,47% em 2018 e 1,60% em 2019. Os marcadores com maior prevalência foram: Sífilis com 0,61% (958 amostras), Hbc com 0,48% (767 amostras) e HCV com 0,23% (375 amostras). No período pandêmico, foram efetuadas 153.911 doações (50.369, 51.384 e 52.158 nos anos de 2020, 2021 e 2022, respectivamente). O índice de inaptidão sorológica foi de 1,34% em 2020, 1,34% em 2021 e 1,35% em 2022. Os marcadores com maior prevalência foram: Sífilis com 0,58% (893 amostras), Hbc com 0,31% (481 amostras) e HCV com 0,17% (264 amostras). No período pré-pandêmico a quantidade de doações foi 1,78% maior que o período subsequente, demonstrando que, apesar das limitações decorrentes da pandemia, não houve impacto negativo na oferta de hemocomponentes decorrente dessa diminuição. No período pandêmico ocorreu uma redução de 1,65% para 1,43% na freqüência de doadores com sorologia positiva, com uma queda global de 2,01% entre os dois períodos. Essa redução pode ser um reflexo do isolamento social e da maior robustez na triagem clínica. A maior prevalência de Sífilis em relação aos demais marcadores retrata o cenário epidemiológico brasileiro, divulgado pelo Ministério da Saúde em 2022, que apontou um aumento crescente da taxa de detecção de Sífilis até o ano de 2018, com posterior estabilidade, exceto em 2020, quando foi observado declínio na taxa decorrente da pandemia do SARS-CoV-2. Conclusão: A análise demonstrou que houve uma tendência decrescente de inaptidão sorológica entre os doadores no período pandêmico, indicando uma diminuição do risco de contaminação através da transfusão de sangue, destacando a importância da triagem clínica, cada vez mais criteriosa e eficaz, e da triagem sorológica, com alta sensibilidade, para uma maior segurança transfusional.