Sociologias (Jun 2006)

Conhecimento e sociedade: diálogos impertinentes Knowledge and society: impertinent dialogues

  • Alexandre Silva Virginio

DOI
https://doi.org/10.1590/S1517-45222006000100005
Journal volume & issue
no. 15
pp. 88 – 135

Abstract

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O objetivo deste texto é demarcar o sentido que tem assumido, no contexto do capitalismo, a relação entre sociedade e conhecimento científico. O desenvolvimento do capitalismo e da ciência moderna prosperaram a partir de uma relação de interdependência entre a lógica mercantil do primeiro e os pressupostos lineares da segunda. Neste sentido, ao racionalismo cartesiano podem ser creditadas muitas das conseqüências indesejadas que o sistema mundo tem produzido ao longo dos dois últimos séculos. Entrementes, em face das promessas de progresso não realizadas pelo capitalismo em sua versão cognitiva, a ciência moderna, passa a ser questionada em seu mais elementar fundamento, o domínio da natureza pelo homem. De sua crítica nascem e/ou ressurgem perspectivas não-lineares, que procuram considerar novas conexões e/ou saberes entre consciência e existência, entre sujeito e objeto, entre homem e natureza, entre sociedade e conhecimento. Nossa expectativa é que este debate, marcado por antagonismos e tensões, menos intransparente quanto mais impertinente, possa contribuir para um diálogo que deságüe em um conhecimento menos obtuso, porque atencioso para com a complexidade da realidade. Um novo conhecimento capaz de se reconciliar, humildemente, com a sabedoria, necessária e urgente, que irá permitir ao homem, ao fazer outras e novas escolhas, nascer de novo.This text is aimed at outlining the meaning that the relationship between society and scientific knowledge has taken under the context of capitalism. Capitalist development and modern science advanced from a relationship of interdependence between mercantile logic of the former and the linear assumptions of the latter. Therefore, several unwanted consequences produced by the system in the last centuries can be credited to Cartesian rationalism. In the meanwhile, in face of unfulfilled promises of capitalism in its cognitive version, modern science starts to be challenged in its most basic fundament: man's domination over nature. Nonlinear perspectives emerge or re-emerge from its criticism, which seek to consider new connections and/or knowledges between consciousness and existence, between subject and object, between man and nature, between society and knowledge. Our expectation is that such debate, marked by antagonism and tensions, more transparent as it is more impertinent, can contribute to a dialogue that ends in knowledge that is less obtuse for attending to reality's complexity. A new knowledge able to humbly reconcile with the necessary and urgent wisdom that will allow man to make other and new choices - to be born again.

Keywords