Artefilosofia (Oct 2019)
A ambivalência da técnica e o fim da história
Abstract
Walter Benjamin e Vilém Flusser são duas figuras que permitem contar a difícil história do século XX em duas partes. O primeiro denunciou a ambivalência dessa história moderna: o processo cultural produzia também barbárie, e o fazia através da técnica, cujo assombro seriam os campos de concentração racionalmente planejados e efetivados. Isso significava abandonar a ideologia do progresso automático da humanidade e do futuro que nos esperaria. Benjamin assinalou a importância de escovar a história a contrapelo para descobrir, no passado, fragmentos reveladores. Já Flusser, que chega ao Brasil no mesmo ano em que Benjamin se suicida na Europa, 1940, nem mesmo considera possível operar nesse modelo de cultura propriamente histórico. Ele está depois do assombro que desnuda a insustentabilidade da concepção moderna de história. Toma a análise dos aparelhos tecnológicos para diagnosticar uma pós-história, na qual a escrita cede espaço para as imagens. Para ele, a segunda metade do século XX precisa responder a um mundo cheio de imagens técnicas, o que só poderia ser feito através de um pensamento fragmentado e performático – que não deixaria de ter como seu antepassado o ensaísmo de Walter Benjamin.