Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

MOBILIZAÇÃO DE CÉLULAS PROGENITORAS HEMATOPOÉTICAS COM CITARABINA EM DOSES INTERMEDIÁRIAS

  • VC Farnese,
  • RLG Cunha

Journal volume & issue
Vol. 46
pp. S1036 – S1037

Abstract

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Mobilização de Células Progenitoras Hematopoéticas (CPH) em pacientes com programação de Transplante de Células Tronco Hematopoéticas autólogo (TCTH) usualmente é realizada através de fator estimulante de colônias de granulócitos (G-CSF) ou combinação de G-CSF com quimioterapia. A escolha é baseada em características dos pacientes, número de CPH desejadas e características do serviço. Em países em desenvolvimento, limitações em centros de transplante incluem envio de amostra para realização de dosagem de CD34 e processamento da bolsa de aférese em centro distante daquele que realizou a coleta, restrição de datas para aférese, e utilização de máquinas de aférese que processam baixas volemias, que requerem um protocolo de mobilização que permita a coleta de CPH nessas condições. Objetivo: Analisar a eficácia e segurança de mobilização com citarabina em pacientes com programação de TCTH autólogo. Materiais e métodos: Estudo retrospectivo com análise de 69 mobilizações consecutivas com citarabina na dose de 1200 mg/m2 dividida em 3 dias associado a GCSF 10 mcg/kg/d no Hospital de Clínicas de Uberlândia entre agosto de 2019 a junho de 2021. Resultados/Discussão: A idade mediana dos pacientes foi de 56 anos (20‒75) e 46 pacientes (66%) eram do sexo masculino. Trinta e sete pacientes eram portadores de mieloma múltiplo, 17 linfoma não-Hodgkin, 10 pacientes com linfoma de Hodgkin, 4 tumores sólidos e 1 amiloidose. A maioria foi submetida à mobilização pela primeira vez (87%). Nove pacientes já haviam sido mobilizados anteriormente, 6 para um segundo TCTH e dois devido à falha de mobilização com G-CSF. O percentual de pacientes que coletaram pelo menos 2×106 células CD34/kg foi de 95%, com 89% dos pacientes requerendo apenas 1 aférese. Entre aqueles que tiveram sucesso na coleta, 77% iniciaram a coleta no 16º dia e até 97% no 17º dia de mobilização. A mediana de CPH coletado foi 11,68 × 106 CD34/kg e o número de células CD34 em sangue mobilizado no dia anterior à coleta foi 85,13 células/μL. O aumento do número de linhas de tratamento (p = 0,04) e realização de TCTH anterior (p = 0,01) impactaram negativamente o número de células CD34 mobilizadas, porém sem diferença no percentual de coleta (p = 0,24). Embora a taxa de sucesso da coleta tenha sido menor em pacientes com linfoma não-Hodgkin, 88,24% vs. 97% em pacientes com mieloma múltiplo e 100% em pacientes com linfoma de Hodgkin e tumores sólidos, o pequeno número de falhas pode não ter sido capaz de revelar diferença estatística (p = 0,37). Da mesma forma, não houve diferença quando foi utilizada uma máquina de aférese que processa baixa ou alta volemia (p = 0,28). A contagem de células linfomononucleadas acima de 1000 células/μL apresentou correlação com o sucesso na coleta (p = 0.003), podendo ser uma opção em serviços que não dispõem de contagem de CD34, ou realizam a dosagem com grande intervalo entre a coleta. Os pacientes apresentaram 6% de trombocitopenia grau 3 ou 4, com incidência de transfusão de plaquetas de 3%. Transfusão de hemácias foi necessária em 11% dos pacientes e não foi observado neutropenia febril. Conclusão: A citarabina em doses intermediarias associada a G-CSF é altamente eficaz, previsível e relativamente segura em promover mobilização de CPH, podendo ser utilizada em centros de países em desenvolvimento ou em pacientes com risco de falha de mobilização, contribuindo para a expansão de serviços que realizam TCTH.