Cadernos de Saúde Pública (Oct 2002)

Diferenciais intra-urbanos de mortalidade em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, 1994: revisitando o debate sobre transições demográfica e epidemiológica Intra-urban mortality differentials in Belo Horizonte, Minas Gerais State, Brazil, 1994: revisiting the debate on demographic and epidemiological transitions

  • Rômulo Paes-Sousa

DOI
https://doi.org/10.1590/S0102-311X2002000500034
Journal volume & issue
Vol. 18, no. 5
pp. 1411 – 1421

Abstract

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Modelos de transições demográfica e epidemiológica não têm sido debatidos com grande freqüência pela comunidade acadêmica brasileira. Este estudo tem por objetivo rever criticamente os estudos referentes a estes modelos de transição, analisando suas contribuições e limites à investigação em saúde das populações urbanas do Brasil. Dados do Município de Belo Horizonte são usados para ilustrar os aspectos teóricos levantados neste artigo. Um total de 10.558 declarações de óbito do ano de 1994 foram processadas visando à classificação da causa básica do óbito e local de residência - 75 unidades geográficas. As áreas foram classificadas de acordo com a proporção de chefes de domicílio com baixa escolaridade. Estruturas populacionais e taxas de mortalidade ajustadas por sexo e idade das áreas foram comparadas. As taxas de mortalidade indicam que Belo Horizonte está experimentando múltiplos e desiguais processos de transição epidemiológica. Nas áreas mais pobres, as doenças infecciosas dos adultos têm sido substituídas pelos homicídos. Em geral, os achados sugerem que as grandes cidades brasileiras possuem padrões de mortalidade que variam de acordo com os diferenciais sociais e econômicos.Demographic and epidemiological transition models have seldom been debated within the Brazilian scientific community. This study aims to critically review the studies based on such transition models, analyzing their contributions and limitations for health research in Brazilian cities. Data from the city of Belo Horizonte were used to illustrate the theoretical issues raised in this paper. A total of 10,558 death certificates from 1994 were classified according to underlying cause of death and place of residence (75 geographical areas). Areas were classified according to the proportion of heads of households with low formal education. Population age structures and age- and sex-adjusted mortality rates in the areas were compared. Mortality rates indicate that Belo Horizonte is experiencing a multiple and unequal epidemiological transition process. In the poorer areas, infectious diseases have been replaced by homicides as cause of death in adulthood. The findings suggest that large Brazilian cities have mortality patterns that vary according to social and economic differentials.

Keywords