Indagatio Didactica (Mar 2017)

A escrita epistolar como objeto de pesquisa: um estudo sobre as cartas das princesas brasileiras

  • Jaqueline Vieira de Aguiar,
  • Maria Celi Chaves Vasconcelos

DOI
https://doi.org/10.34624/id.v9i3.628
Journal volume & issue
Vol. 9, no. 3

Abstract

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O presente trabalho tem como objeto a escrita epistolar, apresentando os procedimentos metodológicos relativos a essa abordagem da pesquisa qualitativa, com enfoque históricodocumental, na qual a investigação não se refere apenas ao conteúdo das missivas analisadas, mas também à materialidade evidenciada, examinando os papéis no que tange a itens como a escrita do texto, a tinta usada, as marcas encontradas, os símbolos, as margens, os desenhos, as cores, os espaços em branco, a datação, os tratamentos e fechamentos, a colocação das assinaturas e o pósescrito. As principais fontes utilizadas são egodocumentos, como cartas e bilhetes, trocados entre a família imperial brasileira, durante o período de educação das princesas Isabel e Leopoldina, os anos de 1854 a 1864, pertencentes, hoje, a diferentes arquivos e acervos, localizados, especialmente, no Museu Imperial em Petrópolis/Brasil. O referencial bibliográfico utilizado dialoga com autores que fazem uso de métodos e técnicas aplicados à análise e interpretação de egodocumentos, bem como pesquisadores que estudam cartas em suas possibilidades autobiográficas, entre eles, Flexor; Bastos, Cunha e Mignot; Sierra Blas; Francès; e Gomes. Conclui-se que os egodocumentos são fundamentais para a recomposição histórica, possibilitando múltiplos olhares sobre um mesmo período e acontecimento, neste caso, o processo de formação e educação das futuras soberanas e herdeiras do trono do Brasil, as princesas Isabel e Leopoldina. Além disso, constata-se que a escrita epistolar permite ao historiador, ainda que não possa dominar totalmente seu objeto, uma visão mais intimista dos personagens que pretende retratar.

Keywords