Revista de Arqueologia (Dec 2015)
A Arqueologia e a lógica do capital: puxando o freio de emergência
Abstract
A recente crise do capitalismo financeiro (2008-presente) tem tido um enorme impacto nas vidas dos trabalhadores em todo o mundo e também atingiu o maior setor da atividade arqueológica que tem sido chamada de arqueologia comercial ou de contrato ou de desenvolvimento. Apesar de seus efeitos negativos, esta situação gerou uma abertura pra um repensar e uma reflexão radical quanto a questões subjacentes deste setor, suas premissas éticas e políticas, sua viabilidade a longo prazo e, mais importante, a necessidade de alternativas. Neste contexto, este artigo busca demonstrar que a lógica do capital estava presente no processo da constituição moderna da arqueologia, desde seu início. Também demonstramos as operações altamente problemáticas da arqueologia comercial para os arqueólogos, a cultura material e a vasta maioria do público. Propomos que o que deve ser transformado radicalmente é a lógica fundamental da arqueologia moderna que faz parte da estrutura capitalista: a fetichização das coisas e seu tratamento como objetos autônomos, divorciados das relações, fluxos e conexões que levam a sua constituição. O artigo conclui analisando brevemente uma arqueologia alter-moderna que reside nos espaços intermediários, e não em entidades objetificadas, reificadas e transformadas em produtos.
Keywords