Jornal de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia (Jan 2023)
Planejamento estratégico situacional na Farmácia Hospitalar Pública: um relato de experiência da construção do plano operativo
Abstract
Introdução: Dentro da área da Assistência Farmacêutica, encontra-se a farmácia hospitalar, conceituada como unidade clínica de assistência técnica e administrativa, com a finalidade de garantir a qualidade da assistência prestada ao paciente, através do uso seguro e racional de medicamentos e correlatos, adequando sua aplicação à saúde individual e coletiva. Nesta perspectiva, o planejamento constitui-se uma ferramenta essencial na condução do processo, reduzindo as incertezas envolvidas do processo decisório e potencializando o alcance dos objetivos propostos. Dentre as posturas de se planejar, encontra-se a estratégica/situacional, que incorpora a possibilidade de conflito e considera as modificações da realidade. Assim, o presente artigo tem como objetivo relatar a experiência da construção de um Plano Operativo (PO), à luz do Planejamento Estratégico Situacional de Matus. Materiais e Métodos: Este estudo é um relato de experiência que delineou os aspectos vivenciados pelo autor durante a elaboração do PO para Farmácia Hospitalar de hospital municipal do Leste Baiano, como parte integrante do Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção do título de especialista em Gestão da Assistência Farmacêutica. Para a produção dos dados foi realizada uma análise documental utilizando como fonte de informação os registros realizados na construção do Plano Operativo, levantando-se os facilitadores e as dificuldades encontradas em cada momento de elaboração do Plano Operativo. Resultados e Discussão: O momento explicativo constituiu a primeira etapa da elaboração do PO, contou com uma oficina para a identificação e priorização de problemas que contou com participantes (83%) que estavam diretamente envolvidos com a farmácia hospitalar e as demais etapas deste momento foram realizadas, exclusivamente, pela sua coordenação, devido a dificuldades em reunir os atores. Assim, foi possível afirmar que o momento explicativo, neste Plano, não foi realizado em sua totalidade, pois contou com a participação dos diversos atores, apenas na seleção e priorização dos problemas. As demais etapas do PO (momento normativo, estratégico e tático-operacional) também foram realizadas, entretanto, sofreram grande influência do perfil e do quantitativo reduzido de participantes, visto que foram realizados pela equipe da farmácia ou, exclusivamente, por sua coordenação. Conclusões: Assim, a elaboração deste Plano Operativo não considerou a pluralidade de atores que poderiam ser convidados a participar desta construção, pois se restringiu àqueles que atuavam na farmácia hospitalar. Neste sentido, apesar do interesse em resolver o problema priorizado, os atores convidados apresentavam perfil, limitações e potencialidades semelhantes. Desta maneira, a construção e factibilidade do plano ficaram comprometidas pelo olhar tendencioso sobre a realidade, fato este que apresentou impacto direto na visão dos problemas identificados bem como na sua análise e propostas de superação.