Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)
FREQUÊNCIA FENOTÍPICA DOS SISTEMAS RH E KELL DOS PACIENTES ATENDIDOS NO HOSPITAL MUNICIPAL VILA SANTA CATARINA
Abstract
Introdução: Os antígenos presentes na superfície das hemácias são diferenciados quanto sua função e morfologia e são classificados em grupos de sistemas sanguíneos de acordo com suas características. Atualmente são reconhecidos pelo International Society for Blood Transfusion 44 sistemas de grupos sanguíneos contendo cerca de 354 antígenos. Os sistemas Rh e Kell são sistemas com grande importância clínica, pela sua capacidade de desencadear resposta imune. O sistema Rh foi descoberto em 1939 por Levine e Stetson, possui como particularidade a alta complexidade, devido ao grande número de antígenos que o compõem, configurando elevada importância clínica, sendo o segundo sistema mais importante. Dentro deste sistema, os antígenos de maior importância do grupo são: D, C, c, E, e. Já o sistema Kell também representa um grupo altamente polimórfico, composto por 36 antígenos, sendo considerado o terceiro sistema de grupo sanguíneo de maior importância clínica. A disposição dos antígenos na população pode variar entre os grupos étnicos. Sendo assim, estudos que promovam informações sobre a frequência dos antígenos em pacientes e doadores, proporcionam uma melhor seleção de hemocomponentes para transfusão, evitando que ocorra reações hemolíticas nos pacientes transfundidos. Objetivos: Descrever a frequência fenotípica dos principais antígenos dos sistemas Rh e Kell dos pacientes atendidos no Hospital Municipal Vila Santa Catarina (HMVSC). Material e métodos: Realizado estudo retrospectivo, no período de janeiro 2022 a maio de 2023, a partir de informações da análise do banco de dados do sistema informatizado do banco de sangue. Os dados analisados são provenientes da fenotipagem Rh (D,C,c,E,e) e Kell (K1), por meio da metodologia de aglutinação gel teste. Foram determinados como critério de inclusão: pacientes elegíveis ao protocolo de fenotipagem atendidos no HMVSC. Resultados: Entre os 163 pacientes avaliados, identificamos o seguinte perfil antigênico: antígeno D = 85,3% e antígeno K1 = 3,7%. Analisando a combinação dos antígenos, os fenótipos mais encontrados no sistema Rh foram: 45 (27,6%) de R1r, 27 (16,6%) de R0r, 24 (14,7%) de R1R2, 23 (14,1%) de rr, 20 (12,3%) de R1R1 e 18 (11%) R2r. Os menores percentuais foram dos fenótipos: 5 (3,1%) de R2R2 e 1 (0,6%) de r'r. Verificando assim, a ausência do antígeno E em cerca de 71,2% dos pacientes estudados, o que explica a elevada taxa de aloimunização. Discussão: A partir dessa análise, foi observado a alta frequência do antígeno D, que coincide ao descrito na literatura. Em relação aos demais fenótipos do sistema Rh, também em coerência com a literatura, temos R1r, R0r, R1R2, rr, R1R1 e R2r com as maiores prevalências. Os valores observados para Kell, reforçam as frequências descritas na literatura, onde 96,3% foram negativos. Já os fenótipos como R2R2, r'r e K+ foram encontrados em menores proporções, isso pode ser explicado pela descendência e miscigenação da população brasileira. Conclusão: Esses resultados reforçam: 1) Importância de conhecer o perfil fenotípico dos pacientes atendidos e que necessitam de transfusões sanguíneas, tendo em vista que os antígenos do sistema Rh e Kell apresentam elevada imunogenicidade; 2) Permitir estabelecer um adequado gerenciamento de estoque visando garantir a compatibilidade entre doador e receptor, minimizando o risco da aloimunização associada a transfusão; 3) Adequar o planejamento das demandas de hemocomponentes e estimar a disponibilidade de um determinado fenótipo.