Question (Nov 2019)

Memória de um tempo presente sobre o amor animal

  • Cassiana Lopes Stephan

DOI
https://doi.org/10.24215/16696581e237
Journal volume & issue
Vol. 1, no. 64

Abstract

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No presente ensaio, tentaremos entender em que medida a tradição filosófica galgada no princípio de igualdade, atrelado à noção de natureza humana, teria paulatinamente conduzido à justificação e, até mesmo, à fundamentação da desconsideração ético-política do animal e da animalidade. Mais precisamente, a partir de uma perspectiva que interpreta os estudos de Michel Foucault acerca do cuidado de si no período socrático-platônico, sob a luz [A] das análises de Jean-Pierre Vernant no que concerne às diferenças entre a Antiguidade arcaica e a clássica e [B] das reflexões de Judith Butler a propósito da violência moral, indicaremos de que modo a emergência filosófica do princípio de igualdade teria influenciado na estruturação de uma dinâmica moralista que violenta explícita ou implicitamente o animal e, com ele, todos e todas que se distinguem biológica ou eticamente das normas que descrevem o ser humano e que prescrevem a sua humanidade. O nosso artigo é constituído por quatro partes que marcam a temporalidade da questão animal e que manifestam sua urgência no presente histórico. Através da narração de possíveis articulações entre o presente e o passado, buscamos diagnosticar os limites antropocêntricos da filosofia ético-política e, ao mesmo tempo, vislumbrar relações não-antropocêntricas entre humanos e animais.

Keywords