Acta Médica Portuguesa (May 2020)

Toxicidade Cutânea dos Inibidores de Checkpoint Imunológico: Uma Revisão Narrativa

  • Nuno Gomes,
  • Vincent Sibaud,
  • Filomena Azevedo,
  • Sofia Magina

DOI
https://doi.org/10.20344/amp.12424
Journal volume & issue
Vol. 33, no. 5

Abstract

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Introdução: Os inibidores de checkpoint imunológico revolucionaram o tratamento anti-neoplásico. Nos últimos anos, a European Medicines Agency e a United States Food and Drug Administration aprovaram inibidores de vários checkpoint imunológicos, nomeadamente do antigénio 4 associado aos linfócitos T citotóxicos e da proteína 1 de morte celular programada ou o seu ligante. Apesar dos benefícios que acrescentam no tratamento de várias neoplasias, o bloqueio dos checkpoint imunológicos também se pode associar a múltiplos efeitos adversos imunorrelacionados. Material e Métodos: Foi efetuada uma pesquisa da literatura da base de dados PubMed sobre a toxicidade cutânea dos inibidores de checkpoint imunológico até 30 de abril de 2019. Resultados e Discussão: Foram triados 380 artigos em primeira análise, dos quais 75 constituem a base desta revisão bibliográfica. Os anticorpos monoclonais inibidores de checkpoint imunológico produzem os seus efeitos benéficos através da ativação do sistema imunológico. Desta ativação resultam também efeitos adversos que podem afetar qualquer órgão, sendo a toxicidade cutânea a mais frequente e precoce. Os efeitos adversos imunorrelacionados dos inibidores da proteína 1 de morte celular programada ou o seu ligante e inibidores do antigénio 4 associado aos linfócitos T citotóxicos são similares (efeito de classe), apesar da aparente maior toxicidade cutânea dos inibidores do antigénio 4 associado aos linfócitos T citotóxicos (ou do seu uso em combinação com os inibidores da proteína 1 de morte celular programada ou o seu ligante). Os efeitos adversos cutâneos mais comuns são o exantema maculopapular e o prurido, mas estão descritos outros mais característicos (reação liquenóide ou psoriasiforme, vitiligo e sarcoidose, entre outros) ou localizados às faneras e/ou mucosa oral, que estão aparentemente subestimados. Conclusão: Dada a elevada frequência da toxicidade cutânea associada aos novos inibidores de checkpoint imunológico e respetivo impacto na qualidade de vida, o seu reconhecimento precoce e a abordagem adequada são cruciais no tratamento do doente oncológico. A observação pelo dermatologista deve ser providenciada em doentes com determinadas toxicidades.

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