Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (Dec 2023)

Duração da consulta: fatores influenciadores e perspetivas de médicos e utentes – um estudo transversal

  • Catarina Neves Santos,
  • Bruno Ferreira Pedrosa,
  • Marília Martins,
  • Fábio Gouveia,
  • Fátima Franco,
  • Margarida João Vardasca,
  • Bernardo Pedro,
  • Jorge Domingues Nogueira

DOI
https://doi.org/10.32385/rpmgf.v39i6.13523
Journal volume & issue
Vol. 39, no. 6

Abstract

Read online

Introdução: O tempo de consulta é um recurso fundamental e é determinante para a satisfação de médico e utente. Uma duração de consulta superior parece associar-se a maior satisfação por parte dos intervenientes e contribuir para uma melhoria da qualidade de vida nos utentes com multimorbilidade. Contudo, não existe evidência suficiente para afirmar que um aumento do tempo de consulta é benéfico para o utente e sabe-se que são vários os fatores que podem influenciar a sua duração. Objetivos: Avaliar a perceção dos utentes quanto à duração da consulta, comparar a opinião de médico e utente quanto à adequação da duração e satisfação com a consulta e identificar fatores que influenciam a duração da mesma. Método: Estudo transversal, com componente quantitativa e qualitativa de design convergente. Para obter dados representativos da unidade em estudo calculou-se uma amostra de 380 consultas médicas presenciais. Foram entregues questionários anónimos a médicos e utentes após o término da consulta. Realizou-se uma análise estatística descritiva e inferencial e uma análise temática dos dados qualitativos. Resultados: Estudaram-se 403 consultas. Os utentes percecionaram uma duração de consulta superior à real (p<0,001) e consideraram a duração como adequada numa proporção superior à dos médicos (p<0,001). A satisfação dos utentes foi maior com consultas mais longas (p=0,004), enquanto os médicos reportaram maior satisfação com durações intermédias (p<0,001). Consultas realizadas pelo médico de família ou por médicos do sexo feminino (p<0,001), utentes com mais problemas crónicos (p=0,006) e a abordagem de mais problemas na consulta ou de um novo problema em contexto de consulta programada (p<0,001) associaram-se a tempos de consulta superiores. Conclusões: A duração da consulta tem um papel importante na satisfação dos seus intervenientes. A autonomia das unidades e dos profissionais para adaptarem os tempos de consulta em determinados contextos poderia aumentar a satisfação de médicos e utentes.

Keywords