Revista Portuguesa de Farmacoterapia (Jul 2016)

Adesão à Terapêutica Antibiótica no Algarve

  • Isabel Ramalhinho,
  • Clara Cordeiro,
  • Afonso Cavaco,
  • José Cabrita

DOI
https://doi.org/10.25756/rpf.v8i2.114
Journal volume & issue
Vol. 8, no. 2

Abstract

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Introdução: A não adesão à terapêutica, nomeadamente a omissão de doses e a alteração do intervalo entre administrações, pode conduzir a níveis reduzidos de concentrações do antibiótico no plasma, insuficientes para inibir a replicação dos microrganismos, mas, ainda assim, suficientemente altos para exercer pressão seletiva. Por isso, a não adesão à terapêutica antibiótica pode conduzir a maus resultados terapêuticos e à emergência de microrganismos resistentes, podendo desempenhar um papel tão importante na resistência antimicrobiana como o uso excessivo dos antibióticos. O objetivo deste estudo foi a avaliação do grau de adesão à terapêutica antimicrobiana instituída na população algarvia, nos três meses anteriores à aplicação do questionário, procurando conhecer a sua relação com as características sociodemográficas dos inquiridos, bem como a informação recebida sobre os antibióticos. Material e Métodos: Trata-se de um estudo observacional, descritivo e transversal, em que se estudou a adesão à terapêutica na população adulta residente na região do Algarve. Para atingir o objetivo proposto foi desenvolvido um questionário visando a avaliação do grau de adesão à terapêutica antimicrobiana administrada nos 90 dias que antecederam o preenchimento do questionário. Os questionários foram distribuídos por câmaras municipais, supermercados, hotéis, mercados municipais, restaurantes, grupos desportivos e universidades seniores. Realizou-se análise bivariada, com recurso ao teste Qui-quadrado e ao teste exato de Fisher. O nível de significância considerado foi de 0,05. A análise dos dados foi realizada mediante a utilização do programa estatístico SPSS v. 21. Resultados: Participaram neste estudo 1192 inquiridos, dos quais 581 do género masculino (48,7%). A idade média dos inquiridos foi de 46,62 anos. Para estudar a adesão ao tratamento perguntou-se aos inquiridos se nos três meses anteriores ao preenchimento do questionário haviam tomado antibiótico. Responderam afirmativamente 259 inquiridos (21,7%). Destes, a grande maioria recebeu informação sobre a posologia do antibiótico. No entanto, de 227 inquiridos, 57,3% referem não ter sido informados sobre eventuais reações adversas e, de 230 inquiridos, 40,6% dizem não ter sido informados sobre cuidados a ter sobre a toma. Salienta-se que, de 247 inquiridos, 36 (14,6%) cumpriram parcialmente ou não cumpriram as recomendações relativamente ao número de dias de administração do medicamento. Mais difícil foi seguir as recomendações quanto ao intervalo entre as tomas, visto que 59 inquiridos (25%) referiram que cumpriram parcialmente ou não cumpriram. Conclusões: Os dados mostram a importância de alguns fatores condicionantes para a adesão à terapêutica antimicrobiana, assim como a necessidade de intervenção em grupos específicos com o intuito de melhorar a adesão à terapêutica.

Keywords