RevSALUS (Jul 2023)

Experiência pedagógica inovadora em comunicação intercultural: workshop corpo e voz

  • Ana Paula Camarneiro,
  • Beatriz Xavier,
  • Aliete Cunha-Oliveira,
  • Idoia Ugarte-Gurrutxaga,
  • Gonzalo Mergar,
  • Ana Monteiro

DOI
https://doi.org/10.51126/revsalus.v5iSup.618
Journal volume & issue
Vol. 5, no. Sup

Abstract

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Introdução: Grandes fluxos migratórios desafiam serviços de saúde a prepararem-se para lidar com novas populações. A comunicação intercultural (CI), tradicionalmente focada nas diferentes línguas/backgrounds culturais (Leininger, 1991), tem atualmente uma perspetiva mais complexa, focada na interação, contrastes, representações culturais, diversidades linguísticas e transferibilidade (Thije, 2020). A CI é fundamental nos contextos de saúde requerendo competência cultural no processo de cuidar. O comunicador intercultural revela competência cultural quando: reconhece semelhanças e diferenças entre as diferentes culturas; aceita e respeita a diferença; quer aprender mais acerca da cultura do Outro; demonstra empatia; demonstra pluralismo cultural; integra formas de comportamento e de pensamento do Outro; vê-se, a si, numa perspetiva dinâmica, em constante construção (Basto, 2014). Profissionais de saúde e indivíduos de uma identidade cultural necessitam saber comunicar e interagir no contexto em que se encontram, para promoverem, mutuamente, adequada intervenção profissional (Bracons, 2020). Objetivos: o objetivo deste workshop foi capacitar enfermeiros para o desenvolvimento de competências em comunicação intercultural, através de uma experiência pedagógica transformativa centrada no corpo e na voz, com treino através de cenários simulados. Material e métodos: Numa sala ampla, com cadeiras, participaram 20 enfermeiros, 4 professores e 2 atores. Criaram-se cenários representativos de contextos de saúde, com o auxílio dos participantes, baseados na sua prática, contendo questões provocativas para vivenciar o ato de comunicação, como uso consciente da imaginação, através do contato com alguns pressupostos essenciais da arte, do ator e da compreensão teatral, como linguagem estruturante da atuação corporal em contextos de saúde. Realizaram-se as dramatizações e fez-se o briefing com a participação do grupo. Resultados: os participantes encenaram e representaram cenários definidos para experiência. Cada cenário foi observado ao nível da comunicação verbal/não-verbal da pessoa-utente: estilo, pausas e velocidade do diálogo, de acordo com a cultura; respeito pelos silêncios; dificuldades e forças comunicacionais. Foram apresentados os registos e feita reflexão, síntese, e respetivo enquadramento teórico. Conclusões: um encontro intercultural pode ocorrer sem que os interlocutores tenham consciência que participam num processo de negociação de identidades culturais. Trata-se do corpo e voz em diálogo. Disso dependerá a competência de comunicação intercultural que desenvolvemos com recurso à arte.

Keywords