Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

AVALIAÇÃO DAS SUBPOPULAÇÕES DE MONÓCITOS NA MIELOFIBROSE COM MONOCITOSE: IMPLICAÇÕES PARA O DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

  • NAC Silva,
  • FP Guirao,
  • MCR Barbosa,
  • DAO Bernal,
  • LC Vassalli,
  • AF Sandes

Journal volume & issue
Vol. 45
pp. S190 – S191

Abstract

Read online

Introdução: Monocitose é um critério diagnóstico de leucemia mielomonocítica crônica (LMMC), mas também ocorre em outras neoplasias mieloides. Monocitose pode ocorrer na mielofibrose (MF) e está associada a prognóstico desfavorável. A distinção entre LMMC e MF com monocitose pode ser complexa devido à mutação JAK2 V617F presente em alguns casos. Os monócitos circulantes são divididos em três subpopulações (clássicos, intermediários e não clássicos) baseados nos marcadores CD14 e CD16. A expansão da subpopulação de monócitos clássicos (>94%) é sensível e específica na distinção da LMMC de outras condições, sendo incluída como critério diagnóstico pela OMS. No entanto, informações sobre as subpopulações monocitárias em MF com monocitose ainda são limitadas. Objetivos: Avaliar a distribuição das subpopulações de monócitos em pacientes com MF com e sem monocitose. Metodologia: Foram coletados 3 ml de sangue periférico de 16 pacientes com MF acompanhados no ambulatório de neoplasias mieloproliferativas da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), sendo que quatro apresentavam monocitose > 1000/mm3. Também foram coletadas amostras de sete doadores saudáveis do Hemocentro do Hospital São Paulo. As subpopulações de monócitos circulantes foram identificadas por citometria de fluxo utilizando a combinação dos anticorpos monoclonais CD16 FITC, CD14 PE e CD11c PerCP-Cy5.5: monócitos clássicos (MoC): CD14+/CD16-, monócitos intermediários (MoI): CD14+/CD16+ e monócitos não clássicos (MoNC): CD14-/CD16+. Após a marcação, as amostras foram adquiridas no citômetro FACSCanto II e analisadas pelo sofware Infinicyt. A análise estatística foi realizada pelo software JASP. Resultados: Pacientes com MF apresentaram uma distribuição das populações monocitárias similar ao encontrado no grupo saudável. % MoC - MF: 73% (43-88) x normal: 83% (77-91); MoC/mm3- MF: 238/mm3 (34-1042) x normal: 338/mm3 (194-574); % MoI - MF: 11% (4-39) x normal; MoI/mm3- MF: 45/mm3 (5-336) x normal: 28/mm3 (14-76); % MoNC- MF: 8% (1-24) x normal: 10% (5-17); MoNC/mm3- MF: 49/mm3 (4-105) x normal: 43/mm3 (10-61) (p > 0,05). Dentro do grupo de pacientes com MF, não foram observadas diferenças ao comparar os pacientes que tinham monocitose com aqueles que não tinham: %MoC: 83% (70-88) x 67% (43-88); %MoI: 10% (4-22) x 12% (5-38); e %MoNC: 7% (4- 9) x 17% (1-24) (p > 0,05). Também não houve diferença da distribuição de subpopulações monocitárias de acordo com a mutação JAK2, esplenomegalia e classificação DIPSS plus. Discussão: Nossos resultados mostram uma distribuição similar das populações monocitárias em pacientes com MF e na população saudável e também entre pacientes com MF com e sem monocitose. Estes resultados sugerem que a distribuição de subpopulações de monócitos pode ser um critério útil para distinguir MF com monocitose da LMMC, uma vez que casos de MF não apresentam expansão da subpopulação de MoC. No entanto, a mutação JAK2, a esplenomegalia e a classificação prognóstica não afetaram a distribuição das subpopulações de monócitos, sugerindo que a avaliação deste compartimento não é útil para caracterizar a severidade ou prognóstico da MF.