Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (Dec 2010)

A lesão apical em cardiopatas chagásicos crônicos: estudo necroscópico Apical lesions in Chagas' heart disease patients: an autopsy study

  • Cristina Brandt Friedrich Martin Gurgel,
  • Maria Cristina Furian Ferreira,
  • Clayde Regina Mendes,
  • Elaine Coutinho,
  • Priscila Favoritto,
  • Fernanda Carneiro

DOI
https://doi.org/10.1590/S0037-86822010000600022
Journal volume & issue
Vol. 43, no. 6
pp. 709 – 712

Abstract

Read online

INTRODUÇÃO: A lesão apical ventricular é típica da cardiopatia chagásica e sua presença representa risco de fenômenos tromboembólicos. O objetivo deste trabalho é avaliar a frequência de LA à necropsia de portadores de cardiopatia chagásica crônica. MÉTODOS: Análise retrospectiva de necropsias de chagásicos maiores que 17 anos. Efetuada análise estatística comparativa das variáveis clínicas e dos achados necroscópicos entre o grupo A (com lesão apical) e o grupo B (ausência de lesão apical). RESULTADOS: Estudados 51 casos: 25 no grupo A (idade média de 53 anos, 64% do sexo masculino)e 26 no B.. A LA localizava-se no ventrículo esquerdo em 80% casos. No grupo B, a média de idade foi de 56 anos e 46,1% eram do sexo masculino. A forma clínica prevalente nos dois grupos foi a miopática, mas arritmia cardíaca também esteve presente em ambos (57,9% no grupo A e 32,1% no B). Foi constatada a presença de trombos em 60% dos casos do grupo A (53,3% localizados na LA ) e 30,7% no B; CONCLUSÕES: Houve predomínio da forma miopática nos casos com LA, com média de peso cardíaco maior em relação ao B. Em ambos os grupos observamos relação diretamente proporcional entre maior peso cardíaco e presença de tromboses. Houve predomínio do número de tromboses no grupo A, mais de 50% eram localizadas na lesão, cujo diferencial clínico principal consistiu na presença maior de arritmias. A miopatia (com aumento de peso acima de 500g) foi primordial para aparecimento de tromboses.INTRODUCTION: The presence of an apical ventricular lesion increases the risk of intracardiac thrombosis and thromboembolic phenomena. The study evaluated the incidence of apical lesions and intracardiac thrombosis in Chagas' heart disease patients at autopsy. METHODS: A retrospective review of autopsies of Chagas' heart disease patients was conducted. Statistical analysis included comparison of clinical variables and autopsy findings between two groups: group A (apical lesions) and group B (no apical lesions). RESULTS: A total of 51 cases of Chagas' disease patients were studied: 25 in group A (mean age 53 years-old; 64% male) and 26 in group B. Apical lesions were verified in the left ventricle in 80% of cases. The prevalent clinical subtype in both groups was myopathic, but significant cardiac arrhythmia was present in 57.9% of patients in group A, while 76.9% in group B did not present arrhythmias. Mean heart weight was 500.9g in group A and 408.4g in group B. The presence of thrombosis occurred in 60% of group A with 8 (53.3%) thrombi occurring in the apical lesion. CONCLUSIONS: The myopathic subtype was the most common clinical form in group A and the mean heart weight was statistically higher in this group. Clear prevalence of thrombosis was verified in group A, with 50% located in the apical lesion, whose main differential factor was a greater incidence of arrhythmias. Myopathy (heart weight above 500g) was primordial for the presence of thrombosis in both groups.

Keywords