Trans/Form/Ação (Mar 2024)
Ontologia e antropologia: possíveis diálogos entre as hermenêuticas de Heidegger e Ricoeur
Abstract
Este artigo objetiva matizar a taxativa contraposição entre a “via curta” da ontologia heideggeriana e a “via longa” adotada por Ricoeur, como representação das muitas mediações necessárias na constituição de sua antropologia filosófica. Heidegger irrompe no pensamento contemporâneo com a publicação de seu tratado Ser e tempo (1927), como uma espécie de instalação direta no terreno da ontologia. Em contraste, Ricoeur é visto – e ele mesmo se vê – como um pensador das mediações conceituais, em seu longo itinerário, desde a adesão à fenomenologia husserliana e posterior inflexão hermenêutica, passando por confrontações com a psicanálise freudiana, o estruturalismo e a filosofia analítica, até a formação do livro O si-mesmo como outro (1990). Contudo, os dois filósofos construíram suas obras no horizonte comum da hermenêutica; assim, há entre eles possíveis pontos de convergência? E como se poderia interpretar a relevância dessa possível interlocução? Esses questionamentos não podem ser respondidos sem uma minuciosa leitura comparativa. Este texto não pretende respondê-los, mas apenas sugerir elementos para posteriores investigações.
Keywords