Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)
CONDUÇÃO DE INTERCORRÊNCIA EM PACIENTE ONCOHEMATOLÓGICO ATRAVÉS DE APLICATIVO DIGITAL: RELATO DE CASO DE SUCESSO
Abstract
Objetivo: Descrição do manejo de complicação clínica comum em pacientes em tratamento onco-hematológico através de aplicativo digital de monitorização de sintomas. Método: Descrição de caso consentida pelo paciente acompanhado por nossa equipe médica e usuário de nosso sistema eletrônico de monitorização de sintomas e intercorrências. Resultado: Paciente masculino, 69 anos, com hipertensão arterial e obesidade, residente de Ribeirão Preto e acompanhado em nossa instituição, usuário de nosso programa de monitorização de sintomas via aplicativo digital. Em 2023, recebeu diagnóstico de linfoma duodenal folicular após resultado realizado via endoscopia digestiva alta. Devido sintomas persistentes digestivos, indicado tratamento específico com protocolo rituximabe 375mg/m²+ bendamustina 90mg/m²(x2) por 6 ciclos. No 22°dia do ciclo 4 do tratamento, paciente utilizou o aplicativo de nossa instituição para enviar para a equipe médica a mensagem “lesão no braço esquerdo”e uma foto da região acometida. Na imagem, observa-se membro superior esquerdo com trajeto vascular delimitado e hiperêmico, com edema discreto adjacente. Ao entrar em contato com o paciente, o mesmo referiu também dor local. Um diagnóstico de flebite foi realizado e paciente foi orientado inicialmente a realizar tratamento com compressas mornas, elevação do membro e anti-inflamatório não-esteroidal por sete dias. Após o tratamento inicial, paciente, também via aplicativo, relatou resolução completa das queixas e enviou nova fotografia do membro em que não mais se observa as alterações inicialmente presentes. Até a descrição deste relato, paciente segue clinicamente bem, já tendo completado 6 ciclos do tratamento proposto e sem novas intercorrências. Discussão: O modelo de resultados relatados pelo paciente (PatientReportedOutcomes – PRO) é uma estratégia recente em que paciente e equipe de saúde interagem, frequentemente por métodos digitais, para atualizar status clínicos. Nesse sistema, pacientes e acompanhantes atualizam a equipe assistente seus exames, sintomas, intercorrências e demais dados clínicos, podendo gerar uma orientação rápida pelos profissionais acompanhantes. Tais ferramentas parecem ser particularmente úteis para pacientes de áreas remotas, residentes distantes de instituições de saúde e pode representar em substancial benefício clínico-terapêutico e econômico ao sistema de saúde. Nosso caso demonstra que este modelo é capaz de auxiliar no manejo de complicações frequentes em pacientes submetidos a tratamentos onco-hematológicos. Tal plataforma tem potencial para evitar deslocamentos para instituições de referência e exames complementares, reduzindo custos ao sistema nacional de saúde e taxas de sinistralidade. Conclusão: O sistema de monitorização de sintomas e evolução clínica ao longo de tratamentos onco-hematológicos por aplicativos digitais pode se configurar como medida segura de seguimento, eficaz em orientação e resolutivo/econômico ao paciente e sistema de saúde no processo de diagnóstico e manejo de eventos adversos.