Revista de Filosofia (May 2011)
Compulsão à repetição no contexto analítico para Winnicott
Abstract
Neste artigo pretendo fazer uma análise da alternativa que Winnicott dá à compreensão do fenômeno caracterizado por Freud como sendo o da compulsão à repetição. Depois de retomar a posição de Freud, mostro que Winnicott faz referência à expressão compulsão à repetição em apenas dois momentos de sua obra: um para referir-se a uma criança neurótica que precisa retomar a situação traumática, experienciando-a novamente no quadro do contexto analítico; outro, no qual ele se refere a falhas no início do processo de amadurecimento de alguns pacientes, que os levariam, então, a buscar a situação penosa externa para colocá-la dentro do seu controle onipotente. Procura-se defender que Winnicott substituiu a questão metapsicológica da compulsão à repetição pela questão da regressão à dependência, o que colocaria o si mesmo do paciente em uma situação em que ele pode se desfazer de suas defesas, retornando a uma situação anterior à do trauma e à edificação de defesas; isso, quando sustentado adequadamente pelo ambiente, tornaria possível fazer um tipo de correção da experiência passada, integrando- a à pessoa total do paciente, retomando o processo de amadurecimento a partir dessa nova posição do si mesmo.