Revista Brasileira de Educação Médica (Feb 2021)

Educação remota na continuidade da formação médica em tempos de pandemia: viabilidade e percepções

  • Pedro Henrique dos Santos Silva,
  • Luciana Rocha Faustino,
  • Maurício Santana de Oliveira Sobrinho,
  • Franciele Basso Fernandes Silva

DOI
https://doi.org/10.1590/1981-5271v45.1-20200459
Journal volume & issue
Vol. 45, no. 1

Abstract

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Resumo: Introdução: Com a interrupção das atividades educacionais das universidades por causa da pandemia da Covid-19, formas de ensino virtuais, como a educação remota (ER), passaram a ser debatidas no meio acadêmico. No entanto, faz-se necessária uma avaliação criteriosa da ER antes de sua aplicação visando à qualidade do ensino. Objetivo: Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar a viabilidade da implantação da ER para discentes de um curso de Medicina. Método: Aplicou-se um formulário on-line no qual constavam questões sobre aspectos demográficos e socioeconômicos, sobre acesso às tecnologias digitais e uma pergunta subjetiva relacionada ao uso da ER. Os dados quantitativos foram comparados pelos testes Kruskal-Wallis e Mann-Whitney com p < 0,05. Analisaram-se os dados qualitativos por meio do método de Classificação Hierárquica Descendente, e houve ainda uma análise pós-fatorial. Resultados: O perfil socioeconômico de 266 participantes foi variado, sendo a maioria dos discentes brasileiros do sexo masculino, adultos jovens, cor da pele parda e renda familiar média elevada. Todos relataram ter acesso à energia elétrica, mas não à água encanada, à coleta pública de lixo e ao esgotamento sanitário. Todos possuíam pelo menos um equipamento eletrônico para acesso à internet, mas com variação no tipo e na velocidade da conexão. Um total de 80,8% dos discentes avaliou como viável a implantação da ER para o seguimento do curso. No entanto, 8,65% dos discentes afirmaram que os equipamentos e a internet disponíveis não permitiriam o acompanhamento das atividades on-line. Foi observada uma correlação significativa entre a velocidade de acesso à internet e a renda familiar média, a cor da pele e o local da residência (p < 0,05), bem como entre possuir equipamentos adequados à ER e a renda familiar média (p < 0,05). A análise da pergunta objetiva revelou seis categorias: a necessidade de organização dos procedimentos e o anseio pela volta à normalidade; custos e benefícios da ER; planejamento e garantia da acessibilidade de todos os estudantes à internet de qualidade; acreditar que a realização da ER não é a solução para o problema; capacitação de professores e acadêmicos para o uso das plataformas digitais; e o querer realizar a ER; surgindo uma variedade de opiniões, visões e realidades pelos discentes. Conclusão: Apenas o seguimento da ER, sem garantia de acesso para todos os discentes, é insuficiente e necessita da intervenção dos gestores para não haver prejuízo na aprendizagem daqueles menos favorecidos.

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