Acta Médica Portuguesa (Mar 2023)

Avaliação do Conhecimento das Mulheres com Epilepsia em Idade Fértil sobre o Impacto da sua Doença na Contraceção, Gravidez e Amamentação: Um Estudo Transversal Multicêntrico

  • Pedro Lopes das Neves,
  • Rita Ventura,
  • André Sobral-Pinho,
  • Elisa Silva,
  • Afonso Morgadinho,
  • Joana Vitor,
  • Miguel Miranda,
  • Beatriz Madureira,
  • Joana Moniz Dionísio,
  • Rita Pinheiro,
  • Sofia Delgado,
  • Duarte Carapinha,
  • André Rego,
  • Francisca S´á,
  • Maria Rita Pelejão,
  • Francisco Antunes,
  • Inês Marques,
  • Vanessa Brito da Silva,
  • Sandra Castro Sousa,
  • João Peres,
  • António Martins,
  • Raquel Tojal

DOI
https://doi.org/10.20344/amp.19156

Abstract

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Introdução: A interação dos fármacos anticrise epilética com os métodos contracetivos, a sua potencial teratogenicidade e as implicações na gravidez e amamentação são aspetos a considerar no acompanhamento de mulheres com epilepsia em idade fértil. Para o seu desejado envolvimento nas decisões terapêuticas e o adequado planeamento da maternidade, é essencial que as mulheres estejam corretamente informadas acerca das implicações da sua doença. O objetivo principal do presente estudo foi avaliar o conhecimento das mulheres com epilepsia em idade fértil sobre o impacto da epilepsia na contraceção, gravidez e amamentação. Como objetivos secundários definiram-se (1) a caracterização demográfica, clínica e terapêutica deste grupo de doentes, (2) a identificação de variáveis correlacionadas com o nível de conhecimento das mulheres com epilepsia, e (3) a identificação de meios e suportes preferenciais para aquisição de novos conhecimentos sobre epilepsia. Material e Métodos: O estudo foi observacional, transversal e multicêntrico, tendo decorrido em cinco centros hospitalares da região metropolitana de Lisboa. Após identificação das mulheres com epilepsia em idade fértil seguidas na Consulta de Epilepsia de cada centro, aplicou-se um questionário eletrónico construído após revisão não sistemática da literatura. Resultados: Foram validadas 114 participantes, com uma idade mediana de 33 anos. Metade das participantes apresentavam-se sob monoterapia, tendo a maioria a epilepsia controlada há pelo menos seis meses. Identificaram-se importantes lacunas no conhecimento das participantes. Conceitos sobre complicações dos fármacos anticrise epilética e a sua administração durante a gravidez motivaram piores resultados. Não houve correlação entre variáveis clinico-demográficas e o resultado no questionário. A ocorrência de gravidez prévia e o desejo de amamentar numa gravidez futura correlacionaram-se com o desempenho na secção sobre amamentação. A discussão oral na consulta foi a forma preferencial para aquisição de novos conhecimentos sobre epilepsia, tendo a internet e as redes sociais sido os meios menos escolhidos. Conclusão: O conhecimento das mulheres com epilepsia em idade fértil na área metropolitana de Lisboa sobre o impacto da sua doença na contraceção, gravidez e amamentação parece apresentar lacunas importantes. A educação para a saúde deste grupo deverá constituir uma preocupação por parte das equipas médicas, devendo privilegiar-se a consulta como local de ensino.

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