Artefilosofia (Apr 2017)
O problema da forma na música contemporânea
Abstract
Nossa intenção neste artigo é, em primeiro lugar, contextualizar o problema da forma musical após o desgaste da tonalidade no fi nal do século XIX. Em seguida, apresentamos o diagnóstico realizado por Ligeti sobre os princípios formais que orientaram boa parte do desenvolvimento da música contemporânea, sobretudo no interior da música serial e aleatória, marcada pela reconfi guração estrutural de uma temporalidade que não mais obedece a critérios pertinentes à tradição tonal. Entre estes princípios, observamos: 1) ausência de esquemas formais pré-estabelecidos; 2) articulação rítmica desligada de qualquer pulsação regular; 3) ausência de sintaxe geralmente válida; 4) relativização da função dos elementos musicais, função que até então marcava as fases dentro da forma tradicional, e acompanhamento de uma sintaxe individualizada. Procuramos identifi car as relações entre as diversas estratégias para a solução dos impasses da forma musical contemporânea (como aquelas expostas nos trabalhos de Boulez e Adorno), que dizem respeito atualmente a uma das principais temáticas da fi losofi a da música.