Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

REJEIÇÃO DE CANDIDATOS À DOAÇÃO DE SANGUE X MELHORIAS NO PROCESSO DE TRIAGEM CLÍNICA

  • RC Torres,
  • GMS Junior,
  • PCCS Júnior,
  • RFD Santos,
  • LPS Dantas,
  • CS Guimarães

Journal volume & issue
Vol. 46
p. S731

Abstract

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A doação de sangue é um ato de extrema importância para a sociedade, possibilitando salvar vidas e auxiliar no tratamento de diversas doenças. No entanto, um número significativo de candidatos à doação é rejeitado no processo de triagem clínica. Essa rejeição representa perda de tempo e recursos para os serviços de hemoterapia, além de desmotivar potenciais doadores. Objetiva-se apresentar um panorama da rejeição de candidatos à doação de sangue, suas principais causas e estratégias para otimizar o processo de triagem clínica, visando maior eficiência e sustentabilidade dos serviços de hemoterapia. Trata-se de um estudo transversal retrospectivo, realizado em um serviço de hemoterapia de Sergipe, no período de junho de 2023 a junho de 2024. Foram coletados os dados estatísticos provenientes de um sistema de informação hemoterápica utilizando-se o programa Microsoft Excel. Resultados e discussão: O serviço de hemoterapia recebeu 14.430 (100%) candidatos à doação de sangue no período estudado, sendo 708 (4,9%) inaptos, com predomínio de 394 (55,6%) de mulheres. Considerando-se os dados da ANVISA no mesmo período, verificou-se que, dentre os 2.926.264 (100%) candidatos à doação no Brasil, 550.570 (18,8%) foram inaptos, evidenciando que o serviço de hemoterapia do estudo encontra-se abaixo do percentual nacional de inaptidão. Existe um predomínio de inaptidão entre as mulheres no Brasil, visto que 304.970 (55,9%) foram inaptas, corroborando com os resultados encontrados no presente estudo. Dentre os principais motivos de inaptidão temporária no cenário do estudo estão 150 (21,18%) por uso de medicação, 127 (17%) por anemia, 106 (14,9%) por endoscopia e 65 (9,18%) por manifestações gripais. Ao verificar os casos de inaptidão definitiva destacam-se 06 (0,84%) por asma, 06 (0,84%) por doença cardiovascular, 02 (0,28%) por antecedentes de acidente vascular encefálico e 01 (0,14%) por diabetes com uso de insulina. Em contrapartida, ao comparar com os dados nacionais, percebe-se que o maior motivo de inaptidão é a anemia com 78.687 (14,2%) candidatos, percentual abaixo encontrado no neste estudo. A partir dos dados coletados, diversas melhorias no processo de triagem clínica podem ser implementadas para tornar o processo mais eficiente, seguro e acolhedor, aumentando a captação de doadores aptos, reduzindo o desperdício de recursos e, principalmente, garantindo a segurança e a qualidade do sangue coletado. Dentre elas, a publicação de boletins informativos nas redes sociais e site sobre os principais motivos de inaptidão de doadores de sangue, com linguagem fácil e objetiva, no formato de “pílulas”semanais. Em relação a inaptidão por anemia, o serviço pode oferecer orientação nutricional para doadores com anemia leve, bem como consulta médica gratuita para classificação do tipo de anemia e orientações sobre as condutas a serem tomadas, incluindo a suplementação de ferro quando necessário, visando o aumento suas chances destes candidatos inaptos doarem futuramente. Também pode-se esclarecer os critérios de inaptidão por endoscopia no material informativo disponível para doadores, reduzindo dúvidas e frustrações, assim como reforçar a importância de doadores reportarem qualquer sintoma gripal durante a triagem, adiando a doação para garantir a segurança do processo. O atendimento via aplicativo whatsapp para dirimir dúvidas é uma boa estratégia, pois, nos casos que impedem a doação já será evitada a vinda desnecessária do candidato ao serviço, visto que já terá sido informado do impedimento para a doação de sangue. Conclusão: Os resultados demonstram que, apesar do serviço apresentar um índice de inaptidão abaixo da média nacional, ainda há espaço para melhorias.