Arquivos Brasileiros de Cardiologia (Apr 2025)
Adesão à Vacina Contra Influenza em Idosos com Comorbidades Cardiovasculares
Abstract
Resumo Fundamento A vacina de influenza diminui a ocorrência de doenças e mortes em idosos, principalmente naqueles com comorbidades cardiovasculares. Objetivo Investigar a adesão à vacina contra Influenza em pacientes brasileiros idosos que vivem na comunidade e possuem comorbidades cardiovasculares. Métodos Este estudo transversal analisou dados da segunda onda do ELSI-Brasil (2019-2021), que compreendeu a participação de 9.949 idosos. Os participantes com doenças cardiovasculares relataram se haviam recebido a vacina contra Influenza no ano anterior. Foram identificados fatores relacionados à vacinação com análises de subgrupos para cada comorbidade cardiovascular. Realizou-se uma análise exploratória para identificar os principais fatores que levaram à não vacinação. A significância estatística foi definida como bicaudal p < 0,05. Resultados Este estudo contou com a participação de 5.296 indivíduos. Dentre eles, 76,6% relataram ter recebido a vacina contra Influenza no ano anterior à coleta de dados. Os indivíduos vacinados eram, em geral, do sexo feminino, de idade mais avançada, viúvas, não fumantes, com hábitos de vida mais saudáveis e acesso a planos de saúde privados, apesar de apresentarem maior fragilidade e comorbidades cardiovasculares. Entre os subgrupos analisados, a idade teve um impacto significativo na probabilidade de vacinação. Entre os participantes hipertensos, o acesso a planos de saúde privados e uma boa condição de saúde aumentaram as chances de vacinação, enquanto o tabagismo e o consumo de álcool as reduziram. Os motivos mais frequentes para a recusa de vacinação contra Influenza foram o medo de reações adversas (18,2%), senso de baixo risco de infecção (14,9%), indisponibilidade da vacina (13,9%) e incerteza quanto à eficácia (12%). Conclusão No Brasil, cerca de 24% de idosos com doenças cardiovasculares continuam não vacinados contra Influenza, representando sérios riscos à saúde. O fomento de estratégias que abordem crenças pessoais, ampliem o acesso à vacina e aumentem o engajamento dos profissionais de saúde é fundamental. As intervenções individualizadas devem considerar as características demográficas e de saúde da população a fim de superar esses obstáculos de forma eficaz.
Keywords