Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Dec 2007)

Neovaginoplastia com membrana amniótica na síndrome de Mayer-Rokitansky-Küster-Hauser Neovaginoplasty using amniotic membrane in Mayer-Rokitansky-Küster-Hauser syndrome

  • Bruno Ramalho de Carvalho,
  • Rosana Maria dos Reis,
  • Marcos Dias de Moura,
  • Lúcia Alves da Silva Lara,
  • Antônio Alberto Nogueira,
  • Rui Alberto Ferriani

DOI
https://doi.org/10.1590/S0100-72032007001200004
Journal volume & issue
Vol. 29, no. 12
pp. 619 – 624

Abstract

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OBJETIVO: avaliar resultados da neovaginoplastia com utilização de enxerto amniótico humano em pacientes portadoras da síndrome de Mayer-Rokitansky-Küster-Hauser (MRKH). MÉTODOS: o estudo foi uma análise retrospectiva de uma série de 28 casos de pacientes com síndrome de MRKH, tratadas entre 1990 e 2003. As pacientes foram atendidas no Ambulatório de Ginecologia Infanto-Puberal (AGIP) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP), sendo submetidas a neovaginoplastia pela técnica de McIndoe e Bannister modificada pela utilização de enxerto de membrana amniótica humana. Foram avaliadas epitelização, amplitude e profundidade das neovaginas com sete e 40 dias do procedimento e, no pós-operatório tardio, a satisfação das pacientes, a presença de desconforto e dispareunia às relações sexuais. RESULTADOS: no pós-operatório, sete pacientes (25%) apresentaram estenose vaginal. Destas, seis foram submetidas a nova intervenção cirúrgica, uma teve encurtamento da neovagina, corrigido com o uso de exercícios com molde vaginal, três (10,7%) tiveram fístula retovaginal, uma (3,6%) fístula uterovesical e uma (3,6%) teve excesso de pele no intróito vaginal - todas corrigidas com êxito com nova cirurgia. Quatro pacientes (14,3%) apresentaram infecção do trato urinário. Dois meses após a cirurgia, 11 de 19 pacientes (57,8%) apresentaram atividade sexual satisfatória e 42% relataram dispareunia e, no período máximo de quatro anos, 20/21 pacientes (95,2%) tiveram atividade sexual satisfatória e 4,8% dispareunia. CONCLUSÕES: o enxerto de membrana amniótica é uma boa opção no tratamento da agenesia vaginal. O acompanhamento perioperatório envolve questões educacionais, de orientação quanto ao uso do molde e em relação à sexualidade da paciente, com vistas à redução das queixas de coito disfuncional na presença de evolução cirúrgica favorável e neovagina de aspecto adequado.PURPOSE: to evaluate the results of neovaginoplasty with the use of a human amniotic graft in patients with the Mayer-Rokitansky-Küster-Hauser (MRKH) syndrome. METHODS: the study was a retrospective analysis of a series of 28 patients with the MRKH syndrome conducted from 1990 to 2003. The patients were attended and treated at the Ambulatório de Ginecologia Infanto-Puberal (AGIP) of the Hospital Universitário of the Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto of the Universidade de São Paulo (FMRP-USP), being submitted to neovaginoplasty by the technique of McIndoe and Bannister, modified by the use of a human amniotic membrane graft. Epithelization, amplitude and depth of the neovaginas were evaluated 7 and 40 days after the procedure. Patient satisfaction was determined during the late postoperative period in terms of the presence of discomfort and dyspareunia during sexual relations. RESULTS: postoperatively, seven patients (25%) presented vaginal stenosis and six of them were submitted to a new surgical intervention, one had shortening of the neovagina, corrected with the use of exercises with a vaginal mold, three (10.7%) developed a rectovaginal fistula, one (3.6%) a uterovesical fistula, and one (3.6%) excess skin in the vaginal introitus - all successfully corrected with surgery. Four patients (14.3%) presented urinary tract infection. Two months after surgery, 11/19 patients (57.8%) presented satisfactory sexual activity and 42% dyspareunia, and within a maximum period of four years, 20/21 patients (95.2%) had satisfactory sexual activity and 4.8% dyspareunia. CONCLUSIONS: an amniotic membrane graft is a good option for the treatment of vaginal agenesis. Perioperative follow-up involves educational guidance regarding the use of the mold and regarding patient sexuality in order to reduce the complaints of dysfunctional coitus in the presence of a favorable surgical evolution and a neovagina of adequate aspect.

Keywords