Jornal de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia (Feb 2023)
Perfil de prescrição de antimicrobianos em um hospital regional de ensino
Abstract
Introdução: Os antimicrobianos (ATM) são uma classe de fármacos frequentemente consumida em hospitais e na comunidade. Porém, são agentes farmacológicos que não afetam somente os pacientes que utilizam, mas também interferem de forma significativa no ambiente hospitalar por alteração da ecologia microbiana. O seu uso excessivo em hospitais contribui para o desenvolvimento de resistência bacteriana, aumentando os custos hospitalares e os riscos de reações adversas a medicamentos. Objetivo: Caracterizar o perfil de prescrição de antimicrobianos através da Classificação Anatômico Terapêutico (ATC) em um Hospital de ensino. Métodos: Estudo descritivo, realizado em um hospital de ensino no interior da Bahia. Foram coletados os dados de consumo mensal de ATM através do sistema eletrônico disponível no hospital, no período de 21 de maio de 2018 a 31 de maio de 2019, nos seguintes setores: Unidades de Terapia Intensiva (UTI) (01, 02, 03), Emergência (sala verde, amarela, laranja, vermelha e sala de medicação), neuroclínica, clínica cirúrgica e centro cirúrgico. Resultados: Foram identificados 33 fármacos diferentes, disponíveis em doses e formas farmacêuticas variadas, totalizando 42 medicamentos. O número de ATM usados neste período totalizou 110.370 unidades. Dentre estes, as classes mais prescritas, de acordo com a ATC, foram: Cefalosporinas de 3ª geração (23,13%), Cefalosporinas de 1º geração (13%), Macrolídeos e lincosaminas (12,84%), Derivados imidazólicos (9,47%) e Penicilinas associadas a inibidores da Beta-lactamase (8,01%). Estas classes totalizaram 66,48% da quantidade de ATM usados. Neste período, a prescrição de ATM gerou um dispêndio de R$ 1.092.716,34, sendo que a classe das Penicilinas associadas a Inibidores da Beta-lactamase apresentou maior impacto no orçamento, sendo responsável pelo custo de R$ 270.521,48 equivalente a 24,75% do valor total gasto. Conclusão: O consumo elevado de antimicrobianos durante o período em estudo pode ser resultado da ausência de uma política de controle dos medicamentos prescritos no hospital e da falta de protocolos de uso de antimicrobianos.