Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (May 2007)
Morbidade puerperal em portadoras e não-portadoras do vírus da imunodeficiência humana Puerperal morbidity in HIV-infected and non-infected women
Abstract
OBJETIVO: comparar a morbidade de puérperas portadoras e não-portadoras do vírus da imunodeficiência humana (HIV). MÉTODOS: estudo prospectivo, controlado, realizado entre julho de 2001 e setembro de 2003, com inclusão na ocasião do parto de pacientes portadoras e não-portadoras do HIV. A morbidade foi dividida em menor (sangramento pós-parto aumentado, febre e endometrite) e maior (hemotransfusão, alterações profundas da ferida operatória e necessidade de intervenção cirúrgica), e foi avaliada quanto à presença ou não de infecção pelo HIV e o tipo de parto. Foram avaliadas 205 puérperas: 82 portadoras do HIV (grupo HIV-casos) e 123 não-portadoras. As variáveis contínuas foram analisadas pelo teste t de Student, e as categóricas pelos testes do chi2 e exato de Fisher, por meio do software Epi-Info 2000 (CDC, Atlanta). RESULTADOS: ocorreu morbidade puerperal em 18 pacientes do grupo HIV-casos (22%) e 17 do grupo-controle (14%), com predomínio das variáveis de morbidade menor, sem diferença significativa entre os grupos, exceto pelo risco mais alto de endometrite no grupo HIV-casos (RR=1,05; IC a 95%:1,01-1,1). Não foi observada diferença significativa entre os grupos quanto aos tipos de parto. Houve somente duas ocorrências de morbidade maior: hemotransfusão e fasciite necrotizante. CONCLUSÕES: puérperas portadoras do HIV apresentam morbidade semelhante à das puérperas não-portadoras do vírus, apesar da predominância de morbidade menor e do risco aumentado de endometrite no grupo portador do vírus. O acompanhamento clínico no puerpério imediato é estratégico para a identificação precoce da morbidade materna.PURPOSE: to evaluate puerperal morbidity in HIV-infected and HIV non-infected puerperal women. METHODS: longitudinal and controlled study performed from July 2001 to September 2003, in 205 pregnant women admitted for birth delivery at Odete Valadares Maternity, divided in two groups: HIV-infected women (82) and HIV non-infected women (123). Postpartum morbidity evaluation was performed from birth delivery up to 15 days postpartum. Morbidity was categorized as minor (postpartum hemorrhage, fever and endometritis) or major (blood transfusion, deep alterations of the surgical wound and indication for surgical intervention), and was evaluated both according to the presence or absence of HIV infection and the mode of delivery. Continuous variables were analyzed by the Student’s t-test, and categorical variables were analyzed by chi2 and Fisher’s exact test using Epi-Info 2000 (CDC, Atlanta). RESULTS: puerperal morbidity was observed in 18 patients from the HIV group (22%) and in 17 patients from the control group (14%) with predominance of minor morbidity, without statistical significance, except for an increased risk of endometritis in the HIV group (RR=1.05; CI 95%:1.01-1.10). No significant difference was observed concerning the mode of delivery between the two groups. There were only two major morbidities: blood transfusion and necrotizing fasciitis. CONCLUSIONS: HIV-infected and non-infected puerperal women have a similar morbidity, despite the lower morbidity in the HIV non-infected group and the increased risk of endometritis in the HIV group. Clinical puerperium follow-up is a strategic control tool for an early identification of maternal morbidity.
Keywords