Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)

PERFIL CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICO DE INDIVÍDUOS PORTADORES DE ESQUISTOSSOMOSE NO ESTADO DE PERNAMBUCO NO PERÍODO DE 2018 A 2022

  • Luís Eduardo Moreira Melo,
  • Joao Batista da Silva Neto,
  • Antônia Victória Fernandes,
  • Caio Othon Bortoletto,
  • Bruna Rafaela da Silva Lemes,
  • Ana Carolina de Oliveira Câmara,
  • Maria Clara Silva Rocha,
  • Vinicius Vianney feitosa Pereira

Journal volume & issue
Vol. 27
p. 103565

Abstract

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Introdução/objetivo: A esquistossomose é uma parasitose causada por trematódeos do gênero Schistosoma spp. Seu contágio possui relação direta com más condições sanitárias, favorecendo a manutenção do seu ciclo biológico, cenário compatível com algumas regiões do Brasil onde a doença é considerada endêmica, como em Pernambuco (PE). Assim, essa afecção tornou-se um importante problema de saúde pública no país, sendo alvo de diversas ações voltadas à redução da sua prevalência e sua morbimortalidade. Diante disso, o resumo objetiva descrever o perfil clínico-epidemiológico da esquistossomose em PE entre 2018 e 2022. Métodos: Trata-se de um estudo transversal, que utilizou dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), obtidos no TabNet Datasus, referentes aos casos de esquistossomose notificados em PE entre 2018 e 2022. Para o estudo, foram designadas variáveis sociodemográficas e clínico-epidemiológicas, tais como sexo, idade, raça, forma clínica e evolução da doença. Resultados: O estudo constatou 777 casos de esquistossomose em PE neste período. Destes, 53,0% teve prevalência no sexo masculino, 28,4% na faixa etária dos 40 aos 59 anos e 68,4% em pretos e pardos. Esses dados alertam para uma resistência masculina, cultural, às ações de educação em saúde e para o acometimento relativamente considerável de pessoas economicamente ativas. Dentre suas apresentações clínicas, a mais prevalente foi a intestinal (28,3%) seguida da hepatoesplênica (12,7%), que é mais grave devido ao acometimento do fígado e do baço. Ambas ocorrem na fase crônica da doença, isto é, ou os casos não foram diagnosticados precocemente ou não tiveram tratamento efetivo. Ademais, constatou-se que 43,3% dos doentes evoluem para a cura e 9,52% para o óbito. É desconhecido, em 32,5% dos casos, qual foi o desfecho da doença, por falta de dados no sistema (assinalados como ignorados/deixados em branco). Isso pode ser associado ao fato de que, entre 2020 e 2022, os serviços de saúde estavam atentos na resposta à pandemia de COVID-19. Conclusão: Os resultados obtidos denotam a importância da esquistossomose como um problema de saúde pública em Pernambuco, bem como a necessidade de direcionar esforços educativos e as ações de controle da endemia para os grupos populacionais mais vulneráveis. Portanto, esse resumo destaca a demanda contínua de medidas de controle e prevenção com ênfase na conscientização, diagnóstico precoce e acesso ao tratamento eficaz.

Keywords