Brazilian Journal of Infectious Diseases (Sep 2022)
EPIDEMIOLOGIA DOS CASOS DE INFECÇÃO DE CORRENTE SANGUÍNEA NO SERVIÇO DE HEMODIÁLISE DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO
Abstract
Introdução: A Insuficiência Renal Crônica (IRC) é uma doença de grande importância mundial. A TSR (Terapia de Substituição Renal) nos anos 1970 apresentava uma taxa de mortalidade extremamente elevada, atingindo cerca de 78%, com destaque para pacientes diabéticos. Com o avanço da tecnologia esse cenário mudou, porém ainda encontramos uma taxa de mortalidade próxima de 18%, principalmente devido a causas cardiovasculares e infecciosas. Objetivo: Objetivo principal foi descrever e analisar a epidemiologia das infecções de corrente sanguínea na unidade de hemodiálise no Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo (HSPE). E o objetivo secundário foi avaliar atualizar o protocolo institucional de terapia antimicrobiana empírica estabelecido pelo setor GE-CIH para ICS no setor de hemodiálise, que atualmente é composto por vancomicina associado a ceftazidima. Método: Análise retrospectiva das notificações de vigilância de infecção de corrente sanguínea realizadas pelo setor de GE-CIH do HSPE no período de 5 anos (janeiro de 2016 a dezembro de 2021). Resultados: O estudo incluiu 431 pacientes. O cateter mais encontrado nas notificações de ICS dos pacientes em HD foi o cateter permanente (permicath), 64% da amostra, seguido de cateter temporário ou CDL (Cateter Duplo-Lúmen) com 34%. FAV e PTFE (Prótese de Politetrafluoroetileno) representam apenas 1% das ICS respectivamente. Os micro-organismos gram positivos foram mais prevaletes, 66% (n = 253). O principal gram positivo identificado foi S. aureus 35% (n = 134) seguido pelo SCN 26% (n = 102). Entre os gram negativos o principal foi Serratia marcesens (6%), seguido pelo Enterobacter cloacae e Acinetobacter baumannii. Entre os micro-organismos gram positivos, 32% dos S. aureus e 75% dos SCN eram resistentes a oxacilina, todos Enterococcus eram sensíveis a vancomicina. Já entre as bactérias gram negativas tivemos uma baixa taxa de resistência antimicrobiana variando entre 17-2%. Conclusão: O estudo mostrou que o protocolo institucional de antibioticoterapia do HSPE é adequado a epidemiologia encontrada no estudo visto o perfil de sensibilidade dos micro-organismos identificados, apresentando baixa resistência dos gram negativos a cefalosporinas de 3ª Geração e nenhuma resistência dos gram positivos a vancomicina. Percebemos a importância da confecção de fístulas arteriovenosas para acesso vascular em pacientes com TSR no HSPE, trazendo um impacto direto na redução das ICS.