Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)
CONTRIBUIÇÕES DA TROMBOELASTOMETRIA ROTATIVA (ROTEM) PARA O PACIENTE SÉPTICO: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA
Abstract
Objetivos: A sepse é uma condição clínica grave, frequentemente resultante de uma resposta inflamatória desregulada à infecção, e que pode levar à disfunção orgânica múltipla e à morte. Nesse cenário, as alterações na coagulação associadas à sepse podem contribuir para a ocorrência de microtrombos ou de sangramentos, modificando rapidamente o quadro clínico. Nesse sentido, a ROTEM (Tromboelastometria Rotativa) é uma ferramenta que pode ser útil e que vem sendo estudada pelas pesquisas voltadas para a sepse e para o choque séptico. Esta revisão sistemática visa avaliar a eficácia da ROTEM na monitorização e no manejo da coagulação em pacientes com sepse. Material e métodos: Nesta revisão sistemática, a pergunta norteadora é: Qual o impacto do uso da ROTEM para avaliar distúrbios hemostáticos na sepse em comparação com os testes de coagulação usados habitualmente? Foram buscados artigos dos últimos 10 anos nas bases PubMed e Scielo, com os descritores “Tromboelastometria Rotativa”e “Sepse”, e o operador booleano “AND”. Dos 58 artigos encontrados, foram selecionados 6 deles. Resultados: Após a análise da literatura, a ROTEM se apresenta como ferramenta valiosa para a identificação de distúrbios coagulativos em pacientes sépticos, de idosos a neonatos, sendo este último grupo a população alvo de dos estudos abordados. Primeiramente, o método supera várias das desvantagens apresentadas por testes convencionais (como TTPA e INR), pelo fato de analisar amostras de sangue intactas do paciente, sendo capaz de avaliar a interação de fatores tanto anti quanto pró-coagulantes. Além disso, a temperatura de análise também representa mais uma vantagem da ROTEM (já que os testes convencionais ocorrem a 37°C, situação que geralmente não representa a temperatura real do paciente séptico). Além disso, o método é capaz de analisar a interação entre as plaquetas, os elementos celulares do sangue e o endotélio vascular. No contexto da sepse neonatal, o teste mostrou que a interrupção da fibrinólise foi menos frequente em neonatos saudáveis do que em neonatos sépticos. Neste último grupo, um dos parâmetros medidos exclusivamente pela Tromboelastometria Rotativa, chamado de Firmeza Máxima do Coágulo (MCF), apareceu como o parâmetro de melhor desempenho prognóstico para a mortalidade na UTI neonatal. Em outro estudo, um dos parâmetros exclusivos da Tromboelastometria Rotativa para medir a eficácia da fibrinólise, parâmetro este chamado de Lise Máxima, apresentou relação proporcionalmente inversa à gravidade da falência de órgãos dos doentes em sepse. Por fim, é importante evidenciar que os estudos com uso da ROTEM divergem ao encontrarem estados hipo, hipercoagulativos e até mesmo de normocoagulação geral nos doentes em sepse, refletindo a complexidade dos distúrbios hemostáticos associados a esta condição. Discussão: A ROTEM apresenta-se como ferramenta valiosa para o estudo dos distúrbios hemostáticos na sepse, garantindo celeridade e parâmetros de avaliação não vistos nos testes de coagulação convencionais, vantagens que podem ser decisivas para o desfecho clínico do paciente. Conclusão: Com parâmetros próprios, rapidez notável, técnica de análise mais acurada e realista, a ROTEM se destaca no manejo dos distúrbios hemostáticos no geral e, mais especificamente, no contexto da sepse, exigindo novos estudos para confirmar e disseminar sua potencialidade.