Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo (Feb 1994)

Colonização de ecótopos artificiais pelo Panstrongylus megistus na ilha de Santa Catarina, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil Colonization of artificial ecotopes by Panstrongylus megistus at Santa Catarina Island, Florianópolis, Santa Catarina, Brazil

  • Mário Steindel,
  • Helena Keiko Toma,
  • Carlos José de Carvalho Pinto,
  • Edmundo Carlos Grisard,
  • Bruno Rodolfo Schlemper Jr

DOI
https://doi.org/10.1590/S0036-46651994000100008
Journal volume & issue
Vol. 36, no. 1
pp. 43 – 50

Abstract

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Objetivando verificar a colonização de Panstrongylus megistus em ecótopos artificiais em Florianópolis foram examinados, de 1985 a 1992, 779 anexos peridomiciliares (524 galinheiros, 46 currais e 209 ranchos) em 9 localidades e 443 domicílios no distrito de Lagoa, todos na Ilha de Santa Catarina. Todo o ecótopo, incluindo forro e porão das casas, era examinado após aplicação de líquido insentífugo (Pirisa a 5%). A pesquisa nos anexos peri-domiciliares revelou 3 galinheiros e um rancho positivo no distrito de Lagoa, onde foram também encontrados 2 domicílios colonizados pelo P. megistus, com a captura de ovos, ninfas e adultos em todos os ecótopos. Pesquisas dirigidas foram realizadas em dois outros domicílios e em uma escola, nos quais os moradores haviam detectado anteriormente exemplares de P. megistus e, em todos os 3, foi confirmada a colonização pelo triatomíneo. Nos 9 ecótopos artificiais foram coletados 559 ovos, 305 ninfas e 24 adultos de P. megistus, com um índice de infecção pelo T. cruzi de 53,3% (182/329). Índice de infecção semelhante, de 56,5% (78/ 138), foi também encontrado nos adultos de P. megistus oriundos dos ecótopos silvestres e capturados nos domicílios pelos moradores, no período de 1983 a 1991. Os testes de precipitina revelaram, em 94,0% dos insetos examinados (170/181), sangue de uma única fonte alimentar e presença de sangue humano em 80,6% (25/31) dos adultos e em 5,8% (1/17) das ninfas capturados nos domicílios. Os resultados encontrados sugerem a necessidade de adoção de medidas de vigilância epidemiológica com a participação da comunidade, face o risco potencial de domiciliação do P. megistus.The aim of this work was to verify the colonization of Panstrongylus megistus on artificial ecotopes in Florianópolis, in the Santa Catarina Island, South Brazil. For this purpose 443 houses of the Lagoa district and 779 house annexes (524 chicken-houses, 46 corrals and 209 storage-houses) in 9 different places were examined from 1985 to 1992. These ecotopes, which include ceilings and basements, were checked after application of dislodging liquid (Pirisa 5%). Colonization by P. megistus was verified in two houses, three chicken-houses and one storage-house of the Lagoa district, where eggs, nymphs and adults were collected. To verify local reports of P. megistus occurrence, another two houses and one school were investigated. The colonization at all of these places was confirmed. In the 9 artificial ecotopes examined, 559 eggs, 305 nymphs and 24 adults were collected. The infection rate of P. megistus by Trypanosoma cruzi was 55.3% (182/ 329). A similar infection rate of 56.5% (78/138) was obtained in adults of P. megistus from sylvatic ecotopes and in adults captured in the houses by the inhabitants between 1983 to 1991. Precipitin tests revealed blood from just one source in 94.0% of the insects (170/181). Human blood was found in 80.6% (25/31) of the adults and in 5.8% (1/17) of the nymphs captured in the houses. These results suggest the need to ally serious epidemiologic vigilance to the effort of the inhabitants in order to avoid the risk of domiciliation of P. megistus in the houses.

Keywords