Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (Nov 2007)

Papel da via subcutânea nos cuidados paliativos domiciliários

  • Filipa Almada Lobo

DOI
https://doi.org/10.32385/rpmgf.v23i6.10425
Journal volume & issue
Vol. 23, no. 6

Abstract

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Enquadramento: Cerca de 60% a 70% dos doentes em cuidados paliativos ficam, no decurso da doença, incapazes de utilizar a via oral (VO). Uma vez que os cuidados paliativos devem ser, idealmente, prestados no domicílio, o método de aplicação mais cómoda e simples deve ser providenciado. A via subcutânea (SC), relativamente à endovenosa, é de mais fácil utilização no domicílio: não necessitando de profissionais de saúde para a sua administração, é menos dolorosa e pode ser utilizada durante períodos de tempo mais longos. Descrição do Caso: Mulher de 45 anos de idade, foi funcionária da Administração Pública até Março de 2005; Graffar de nível IV e APGAR Familiar de 9. Morou com o marido até essa data, e a partir daí também com a sua mãe. Não tinha filhos. Os antecedentes pessoais eram irrelevantes; ao nível dos antecedentes familiares, verificou-se o falecimento do pai por neoplasia pancreática. Em Março de 2005, recorreu ao seu médico de família por astenia, emagrecimento, dor abdominal e vómitos. Na sequência do estudo pedido, foi-lhe diagnosticada uma neoplasia do cólon sigmóide com metastização hepática. Em Maio, foi referenciada ao Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto, onde, em Junho, foi submetida a uma colectomia com colostomia. Entre Junho e Outubro, por dor não controlada e/ou vómitos, teve necessidade de recorrer várias vezes ao serviço de urgência (SU), apesar da grande debilidade física de que já sofria. Em Outubro, foi referenciada à unidade de cuidados continuados do IPO. Por sua opção, encontra-se, actualmente, em casa, com assistência médica domiciliar. Por decisão conjunta, optou-se pela via SC para controlo de sintomas, sempre que, devido aos vómitos frequentes, a VO não seja possível. Discussão: Com o caso clínico apresentado, pretende-se ilustrar situações de cuidados paliativos em que os doentes podem permanecer no domicílio com os sintomas controlados, recorrendo-se à via SC. Pretende-se também demonstrar que uma assistência domiciliar mais precoce poderia ter evitado as idas frequentes ao SU. Uma vez que a prestação de cuidados domiciliares aos doentes terminais faz parte da função de médico de família, este deve estar familiarizado com esta via de administração.

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