Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia (Dec 2020)

Fronteiras, portas e muralhas na cidadela de Micenas

  • Gustavo Jorge Peloso Peixoto

DOI
https://doi.org/10.11606/issn.2448-1750.revmae.2020.167055
Journal volume & issue
no. 35

Abstract

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O presente artigo explora o conceito de fronteira no mundo antigo utilizando como estudo de caso as fronteiras materiais e simbólicas produzidas pelos muros e portas da cidadela de Micenas durante os séculos XIV a.C. e XIII a.C. Este estudo tem o objetivo de identificar o modo como as elites micênicas materializavam seu discurso de poder no espaço, seja na construção de muralhas ciclópicas monumentais, na criação de marcos simbólicos como a “porta dos leões”, ou na disposição proposital e estratégica de edifícios que se encontram entre o portão principal e o palácio do soberano micênico. Para compreendermos o discurso do poder empregado pelas elites micênicas analisaremos o trajeto pelo qual um indivíduo necessitaria percorrer da porta de acesso ao palácio no topo da cidadela e quais edifícios estariam sendo protegidos e privilegiados nesse caminho. Além disso, realizaremos um breve estudo comparativo entre a simbologia contida na “porta dos leões” e materiais iconográficos encontrados em contexto funerário. A partir da análise espacial e iconográfica poderemos concluir que as muralhas ciclópicas e a “porta dos leões” em Micenas atuam como fronteiras de poder monumentalizadas, capazes de produzir comportamentos em moradores e visitantes, regular fluxos e legitimar o poder da elite, por meio de símbolos e edifícios ligados à religião e aos antepassads.

Keywords