Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

INVESTIGAÇÃO E COMPARAÇÃO DOS EFEITOS CELULARES E MOLECULARES DOS INIBIDORES DE IGF1R-IRS1/2 E INIBIDORES DE FLT3 EM LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA

  • D Bastos,
  • MA Melo,
  • F Traina

Journal volume & issue
Vol. 46
p. S404

Abstract

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A Leucemia Mieloide Aguda (LMA) é uma neoplasia maligna agressiva que provoca a falência da medula óssea, podendo ser fatal quando não tratada. Mutações em FLT3 se configuram como a alteração genética mais comum em LMA, especialmente mutações de duplicação em tandem interna (FLT3-ITD), a qual é responsável por cerca de 25 a 35% dos casos e são frequentemente associadas a menores taxas de sobrevida. Dados recentes revelaram que o receptor do fator de crescimento do tipo insulina 1 (IGF1R) também é diferencialmente expresso em pacientes com LMA, associado com baixa taxa de sobrevida. Nessa perspectiva, diferentes inibidores de ambos os receptores foram desenvolvidos e têm se mostrado eficazes no tratamento in vitro de células leucêmicas. Aliado a isso, pesquisas recentes mostraram que assim como o inibidor de FLT3 (Midostaurin), seus metabólitos produzidos apresentaram a capacidade de inibir outras quinases importantes para o desenvolvimento da LMA, como IGF1R. Pensando nisso, o objetivo deste trabalho é investigar e comparar os efeitos antineoplásico dos inibidores de IGF1R-IRS1/2 e inibidores de FLT3 em neoplasias mieloides com mutação em FLT3. Para tal, análises in sílico (quanto a expressão desses genes - pelo banco de dados R2, interação de proteínas - pelo banco de dados do STRING, e análise da sequência de aminoácidos - pela ferramenta IUPred3) foram utilizadas para determinar o comportamento dos genes e proteínas de interesse. O ensaio de viabilidade por MTT foi empregado para determinar a capacidade de citotoxicidade dos inibidores em 24, 48 e 72 h. Nossos dados mostraram que a expressão de FLT3 se mostrou maior que IGF1R, IRS1/2 nos diferentes grupos de estratificação de LMA (favorável, intermediário e ruim), mas não foi possível observar nenhuma correlação entre a expressão de IGF1R e IRS1/2. Apesar disso, as linhagens MOLM-13FLT3−ITD e MV4-11FLT3−ITD mostraram diferentes níveis de dependência gênica, para os genes de interesse (FLT3, IGF1R, IRS1/2) de modo similar aos níveis de expressão dos mesmos genes na população. As análises in sílico das proteínas alvo mostraram que FLT3 e IGF1R interagem entre si e com outras proteínas como mTOR, PI3K, SHC e GRB2 de maneira similar, enquanto IRS1/2 mostraram interagir com essas proteínas, mas sem interação com FLT3. FLT3 e IGF1R se mostraram ser proteínas com pouco grau de desordem, em comparação com IRS1/2 que mostraram ser proteínas muito desordenadas. Nossos resultados in vitro mostraram que todos os inibidores testados (Midostaurin, Quizartinib, Linsitinib e NT-157) foram capazes de reduzir a viabilidade das linhagens de LMA com mutação em FLT3 com diferentes respostas, e o maior efeito observado correspondeu ao inibidor Quizartinib. Nessa perspectiva, até o presente momento, foi possível concluir que a expressão dos genes visto em diferentes coortes dialoga diretamente com a dependência gênica das linhagens escolhidas para este estudo, bem como que a inibição farmacológica de FLT3, IGF1R e IRS1/2 provocaram uma redução na viabilidade celular, com diferenças nas respostas que podem estar associadas aos diferentes mecanismos dos fármacos. Apesar dos resultados promissores, mais ensaios serão realizados a fim de compreender e comparar os mecanismos envolvidos na inibição dessas proteínas.