Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)
INFILTRAÇÃO CUTÂNEA EM PACIENTE COM LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA: RELATO DE CASO
Abstract
Introdução: A Leucemia Mieloide Aguda (LMA) é uma doença caracterizada pela proliferação de células precursoras mieloides que, apesar de estacionarem o desenvolvimento, continuam exercendo seu potencial de replicação livremente. Assim, ocorre seu acúmulo na medula óssea e eventualmente infiltração no sangue periférico e em outros tecidos extramedulares (2%-10% dos casos de leucemia). Entre os acometimentos extramedulares, há a infiltração cutânea - uma manifestação rara e indicativa de prognóstico avançado da leucemia. Objetivo: Relatar caso de infiltração cutânea secundária à Leucemia Mieloide Aguda Subtipo M5. Relato de caso: Paciente de sexo feminino, 54 anos, admitida em ambiente hospitalar para realização do primeiro ciclo de quimioterapia (QT) referente ao tratamento de LMA M5 com daunorrubicina e arabinosídeo-C. Apesar da redução do número de leucócitos (de 41.660/mm3 para 3.000/mm3 após três dias da infusão) – demonstrando o efeito da terapia sobre a proliferação clonal e o acúmulo de células –, evoluiu com insuficiência respiratória aguda, associada ao surgimento de nódulos e escaras dolorosos distribuídos difusamente pelo corpo e progressão para óbito no 3ºdia após o início do tratamento quimioterápico. Discussão: As manifestações cutâneas em pacientes com leucemia aguda incluem um espectro que varia desde de dermatoses pela doença, infecções secundárias, efeitos relacionados às drogas usadas no tratamento e infiltração leucêmica. Nesse contexto, a avaliação clínica e dermatológica detalhada, com identificação dos casos sugestivos de infiltração blástica extramedular cutâneo-mucosa é determinante para o manejo e seguimento desses pacientes. Isso porque elas podem apresentar diferentes morfologias, tornando-as assim de difícil diferenciação clínica e histopatológica das lesões cutâneas não específicas, as quais tendem a ocorrer mais frequentemente. Após a suspeita, o diagnóstico do tipo de infiltração deve ser confirmado com realização de exame histopatológico e imunohistoquímico para melhor distinção entre elas. Isto pois a célula neoplásica na pele é menos suscetível à ação dos quimioterápicos, associando a leucemia com infiltração secundária a um pior prognóstico e maior recorrência. Conclusão: A suspeita clínica e o diagnóstico oportuno do acometimento cutâneo secundário na LMA são etapas essenciais no seu manejo adequado e constituem um desafio da especialidade, tendo em vista o cenário de pior prognóstico. Para tanto, cabe destacar a necessidade e a relevância de proceder estudo anatomopatológico e imunohistoquímico em casos pertinentes após julgamento clínico adequado, no intuito de obter confirmação diagnóstica e assegurar intervenção segura e precoce.