Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

AVALIAÇÃO DA RESPOSTA IMUNE MEDIADA POR LINFÓCITOS T E CÉLULAS NATURAL KILLER EM PACIENTES COM LEUCEMIA LINFOCÍTICA CRÔNICA

  • EDSMEM Carr,
  • LF Ananias,
  • ACDM Carneiro,
  • SCSV Tanaka,
  • VR Júnior,
  • TSF Assunção,
  • HM Souza,
  • FB Vito

Journal volume & issue
Vol. 45
p. S174

Abstract

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Introdução/Objetivos: A leucemia linfocítica crônica (LLC) é uma doença neoplásica caracterizada pelo acúmulo de linfócitos B maduros principalmente no baço, sangue periférico, medula e tecido linfoide e atinge com mais frequência pacientes idosos. As células efetoras imunológicas atuam por meio do mecanismo de vigilância para eliminação de células cancerígenas, um dos mecanismos utilizados pelos linfócitos citotóxicos é a exocitose de proteínas citolíticas como granzimas B e perforina. Porém, no microambiente tumoral a anergia das células causa imunossupressão no organismo dos pacientes, que consequentemente tem diminuição das funções efetoras do sistema imune. Dessa forma, este trabalho objetivou avaliar a capacidade de resposta dos linfócitos citotóxicos de pacientes com LLC por meio da quantificação basal e pós- estímulo das proteínas perforina e granzima B. Material e métodos: O trabalho é um estudo primário, analítico de coorte de caráter biológico. Células mononucleares do sangue periférico de pacientes com LLC e indivíduos saudáveis foram obtidas por meio de separação em gradiente de densidade. Foram mantidas em cultura na incubadora de CO2 (5%) a 37°C por 72 horas em meio Roswell Park Memorial Institute (RPMI) na presença ou não de estímulo com IL-2 (1000UI). A quantificação de células que expressavam perforina e granzimas B foi realizada por citometria de fluxo, com anticorpos anti-perforina (PE) e granzima B (FITC). Linfócitos T CD8+ foram identificados como CD3+CD8+ e células Natural Killer (NK) como CD3-CD56+. Foram analisados 10.000 eventos em citômetro de fluxo FACSCanto II, por meio do software Diva 6.0 (Becton Dickinson). Os dados foram analisados considerando significância estatística de p < 0,05. Resultados: O estímulo com IL-2 foi capaz de aumentar significativamente a quantidade linfócitos T CD8+ que expressavam granzima B, tanto em pacientes (p = 0,0072) quanto em indivíduos saudáveis (p = 0,0239). Da mesma forma, o estímulo foi capaz de aumentar a expressão de perforina nestas células (p = 0,0012 e p = 0,0034 para pacientes e controles, respectivamente). Não foram observadas diferenças significativas quanto à expressão de perforina e granzima B nas células NK submetidas ou não ao estímulo em pacientes (p = 0,2771 e p = 0,5989, respectivamente). Em indivíduos saudáveis o tratamento com IL-2 alterou significativamente a produção de perforina e granzima B em células NK (p = 0,0322 e p = 0,0137, respectivamente). Ao comparar a produção destas proteínas entre pacientes e controles, observou-se menor quantidade de linfócitos T CD8+ sem estímulo que expressam perforina nos pacientes com LLC (p = 0,0032). As demais análises não apresentaram diferenças significativas. Discussão: Observou-se então, que a IL-2 funcionou como fator de crescimento de células estimulando tanto as células dos controles saudáveis quanto dos pacientes com LLC, principalmente na quantificação de granzima B e perforina em células T CD8+. Além disso, confirmou-se que o microambiente tumoral anérgico influencia na capacidade que as células neoplásicas possuem de produzir de forma integral perforinas e granzimas que estão envolvidas na homeostase e resposta antitumoral, já que nas análises de perforinas em T CD8+ e granzimas em NK os controles saudáveis apresentaram maior taxa na quantificação dessas moléculas. Conclusão: O ambiente neoplásico causa disfunção em linfócitos citotóxicos de pacientes com LLC quanto à produção de perforinas e granzimas.